Paulo Henrique Teixeira Moura, jovem de 28 anos, natural de Ponta Delgada e licenciado em Relações Públicas e Comunicação pela Universidade dos Açores, assume este ano pela primeira vez a coordenação da ornamentação do Coro Baixo, um dos espaços mais simbólicos e espirituais das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

Com 14 anos de dedicação como voluntário — ora a fazer arranjos, ora a ajudar nos bastidores —, Paulo Henrique foi agora desafiado a liderar a criação do “jardim do Senhor”, uma composição floral instalada no espaço onde a venerada Imagem permanece durante todo o ano.

Inspirado nas ondas do mar que compõem o símbolo do Jubileu da Esperança, tema central do Ano Santo em curso, idealizou um verdadeiro “mar florido” com arranjos que sobem e descem, simbolizando os altos e baixos da vida. “Ao fim das tempestades existe sempre um farol que nos guia”, sublinha o coordenador, explicando que esse farol será representado pela própria imagem do Senhor, sempre em destaque no centro da composição.

A ornamentação incluirá ainda jarras de prata, símbolo da fragilidade humana e da entrega total a Deus. “As flores transbordam delas, como a graça divina que existe em cada um de nós”, explica.

Apesar de não ser florista de formação — é também mestre em Gestão e Valorização de Património Histórico e Cultural pela Universidade de Évora —, Paulo Henrique vê nesta tarefa uma extensão da sua fé. A devoção ao Senhor Santo Cristo nasceu em casa, inspirada pela avó, e amadureceu ao longo dos anos de envolvimento direto nas festas.

Com humildade, afirma que coordena mas não trabalha sozinho. “Todos vão lá ter a sua marca. Isto não é tarefa de uma só pessoa.” A equipa que lidera é composta por 27 voluntários, que se encarregam também da ornamentação da Igreja de Nossa Senhora da Esperança.

A Igreja e o Coro Baixo serão abertos ao olhar dos peregrinos às 21h00 desta sexta-feira, 23 de maio, logo após a inauguração das luzes na fachada do Convento da Esperança.

As festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres são também conhecidas pelos tapetes de flores que enfeitam as ruas por onde a imagem peregrina no domingo, a partir das 16h30. Milhares de fiéis acompanham o andor pelas ruas, outros tantos assistem das janelas e passeios. A procissão solene, momento culminante das festividades, dura em média quatro horas e é vivida com intensa emoção e devoção.

Apesar da beleza dos arranjos idealizados, Paulo Henrique Moura garante que a imagem do Senhor nunca será ofuscada. “As flores quase que parecem fugir contra a parede, porque algo maior está no meio”, diz. A simplicidade da apresentação visa garantir que a atenção se mantenha na figura central da festa: “o Senhor que sofre por nós”.

Na sexta-feira, quando a grade se abrir e os peregrinos voltarem a encontrar-se com o Senhor no seu jardim, Paulo Henrique espera apenas uma coisa: “Que esteja tudo do Seu agrado”. Como todos os anos, olhará para a imagem e procurará perceber se ela está feliz. “E acho que ela estará ainda mais feliz, porque vai sair e vai para o meio do seu povo”, conclui.

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