Os problemas do setor das pescas estiveram esta quinta-feira no centro da agenda do CHEGA/Açores, com os candidatos do partido às eleições legislativas de 10 de março a reunirem com o Sindicato Livre dos Pescadores, numa iniciativa que procurou reforçar o compromisso com uma atividade considerada “pilar da economia regional”.

O cabeça de lista pelo círculo eleitoral dos Açores, Francisco Lima, apontou críticas ao Governo Regional e ao Governo da República, considerando que “ambos parecem querer acabar com a pesca nos Açores”, citando como exemplo a implementação da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores (RAMPA).

“Anteciparam-se as reservas e agora 30% do mar dos Açores vai ser zona de reserva. Isto vai traduzir-se no empobrecimento da pesca. Vai haver muito peixe que não poderá ser pescado pelos açorianos, mas os barcos espanhóis – e até a pesca ilegal – vão continuar a atuar sem impedimentos”, afirmou o candidato.

Francisco Lima defendeu que o CHEGA levará ao Parlamento nacional a exigência de maior fiscalização e vigilância da Zona Económica Exclusiva (ZEE) dos Açores, apontando a “obsolescência das fragatas” e a “falta de meios da Força Aérea” como sinais de um abandono por parte do Estado. “A República não vigia o nosso mar e não temos a nossa soberania nacional defendida. Isso afeta diretamente os nossos pescadores”, sublinhou.

O candidato acusou ainda a União Europeia e os partidos tradicionais de contribuírem para a perda de rendimentos dos pescadores. “Há mãos invisíveis que tiram dinheiro dos bolsos dos pescadores para beneficiar os interesses de multinacionais e grandes superfícies comerciais”, afirmou, dando como exemplo o desnível nas quotas de pesca atribuídas a Portugal.

“Portugal tem uma Zona Económica Exclusiva 70% maior do que a de Espanha e, mesmo assim, recebe 15 vezes menos quota de algumas espécies, como o atum. O CHEGA apresentou uma proposta para renegociar estas quotas na última legislatura, mas foi chumbada pelo PS e pela AD”, criticou Francisco Lima.

Outra das preocupações abordadas no encontro prende-se com o aumento dos custos do gasóleo para a pesca nos Açores, que, segundo o partido, é atualmente 0,30€ mais caro do que na Madeira e no continente. “Hoje o gasóleo custa quase o dobro do que em 2010, enquanto o preço de venda do pescado se mantém praticamente igual”, salientou.

Para o CHEGA/Açores, é urgente rever políticas que, segundo Francisco Lima, “estão a empurrar os pescadores para a subsídiodependência” e a comprometer o futuro de uma das atividades mais tradicionais e estratégicas da Região.

 

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