O Hospital da CUF-Açores já faturou 3,7 milhões de euros à região por serviços de saúde prestados após o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em maio de 2024, mas o diretor recusa falar em “negócio”.
“Não, isto não foi um negócio! Foi um parêntesis dentro da nossa prestação [de cuidados de saúde] e do nosso projeto, que acabou por ficar ligeiramente comprometido neste período, mas nós faríamos exatamente da mesma forma”, garantiu Giovanni Nigra, diretor do Hospital da CUF-Açores, ouvido hoje na comissão parlamentar de inquérito ao incêndio no HDES, reunida em Ponta Delgada.
Segundo explicou aos deputados do parlamento açoriano, a unidade de saúde a que preside não quis tirar “vantagem” da calamidade que se abateu sobre o HDES e que está agora a ser alvo de um inquérito parlamentar para apurar as causas e as consequências do incêndio.
O inquérito está também a analisar a atuação dos gestores hospitalares e da tutela antes e após a tragédia.
“Nesta lógica e neste princípio de calamidade, a CUF não iria querer ter qualquer vantagem económico-financeira com este processo, apesar de sermos uma empresa privada e de termos como objetivo também o lucro”, afirmou Giovanni Nigra.
O diretor do Hospital da CUF-Açores disse também que a administração daquela unidade de saúde privada decidiu não cobrar qualquer despesa ao HDES ou ao Serviço Regional de Saúde (SRS) nos primeiros dias após o incêndio, que obrigou à retirada dos doentes para outros hospitais e centros de saúde dos Açores, da Madeira e do continente.
“Decidimos que, nos primeiros dez dias, iríamos ter aqui uma isenção de qualquer custo, de qualquer ónus. Aquilo foi um período, de facto, bastante conturbado, muito atípico, ninguém estava preparado, e portanto, nós entendemos que, independentemente dos registos, não iríamos cobrar qualquer valor por aquele período”, lembrou.
Hospital da CUF já faturou, entretanto, à região cerca de 3,7 milhões de euros por serviços prestados aos utentes do HDES, correspondentes à assistência aos doentes, a cirurgias e a exames de complementares de diagnóstico, mas lembrou que nem todos os valores faturados foram já pagos.
Além da audição ao diretor do Hospital da CUF-Açores, deputados ao parlamento açoriano que integram a comissão parlamentar de inquérito ao incêndio visitaram hoje as instalações do HDES e do hospital modular que foi entretanto construído.
Os deputados pretendem ainda ouvir esta semana a atual presidente do Conselho de Administração do HDES, Paula Macedo, e também a secretária regional da Saúde e da Segurança Social, Mónica Seidi.
No dia 04 de maio de 2024, o HDES, o maior hospital dos Açores, foi afetado por um incêndio, que obrigou à transferência de todos os doentes para outras unidades de saúde da região, da Madeira e do continente.
Os serviços do hospital reabriram de forma faseada e foi instalado um hospital modular junto ao edifício do HDES, que será alvo de obras de recuperação e modernização.