O Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, vai passar a dispor de neuromodulação não invasiva para portadores da doença Machado Joseph, com forte incidência nos Açores, disse à Lusa a secretaria regional da Saúde.
A titular da pasta da Saúde e Segurança Social do Governo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), Mónica Seidi, referiu que o equipamento está instalado no HDES, em São Miguel, por ser a ilha “onde há um maior número de casos que possam vir a beneficiar, de imediato, dos tratamentos que serão realizados”.
A neuromodulação é um procedimento onde é usada estimulação elétrica ou administração de medicação, aplicados diretamente em estruturas do cérebro ou da medula com propósito terapêutico.
Mónica Seidi apontou que, numa fase posterior, há a possibilidade de adquirir um equipamento de menores dimensões de neuromodulação não invasiva, que será mais fácil de transportar para outras ilhas e usar em outros pacientes do Serviço Regional de Saúde.
“Estamos dispostos a estudar esta possibilidade, sendo certo que, para além dos equipamentos, há que investir em recursos humanos com formação e que saibam aplicar esta técnica nos pacientes”, afirmou a governante.
Mónica Seidi explicou ainda que a opção por uma entidade do Brasil para fazer a instalação do equipamento resulta do facto de “haver já um número de doentes, sobretudo de São Miguel e das Flores, que tinha conhecimento da clínica [liderada pela especialista Carolina Sousa] e dos benefícios que esta técnica trazia no caso da doença Machado Joseph”.
A titular da pasta da Saúde salientou ainda que a técnica, “não trazendo a cura da doença, teve sempre um impacto muito significativo na melhoria da qualidade de vida dos utentes” que se deslocaram ao Brasil para tratamento.
Para além da doença de Machado Joseph, que possui uma grande prevalência nos Açores, nomeadamente nas ilhas de São Miguel e Flores, outras patologias podem beneficiar deste tratamento, sendo que nem todos os pacientes reúnem condições clínicas para usufruir da neuromodulação não invasiva.
A especialista Carolina Souza, também em declarações à Lusa, referiu que a técnica “contribui para a melhoria do equilíbrio e da postura, maior independência para caminhadas, fala e deglutição”.
“Em relação a outras doenças, a neuromodulação não invasiva tem um nível de evidência importante para a depressão, AVC [acidente vascular cerebral], casos de doença de Parkinson, para tratar tanto os doentes motores, como sintomas cognitivos”, afirmou a especialista.
Neste momento, existem profissionais de saúde que estão a receber formação através de um curso que está a ser ministrado no HDES com uma carga horária de 70 horas, sendo 60% da formação prática.
O espaço onde está ser ministrado o curso, em Ponta Delgada, foi hoje visitado pela secretária regional da Saúde e Segurança Social.