O disco de estreia do novo projeto musical Bermin, composto por Filipe Fonseca, Duda e Marco Fernandez, apresenta-se como uma “viagem interior” para fazer a ponte entre Açores e continente, contando com composições de cinco músicos açorianos. 

“O universo Bermim considero que é uma viagem interior. Uma viagem por dentro. O meu intuito é que as pessoas oiçam e que seja um disco tipo a conclusão do dia. Que seja o chegar, o respirar e que, como a planta, traduza tranquilidade, segurança e paz”, explicou Filipe Fonseca à agência Lusa.

O projeto Bermim, que foi buscar nome a uma planta existente nos Açores, conta com composições dos açorianos Carlos Alberto Moniz, António Bulcão, Zeca Medeiros, Aníbal Raposo, Luís Alberto Bettencourt, além de obras de Filipe Fonseca, que também assina os arranjos musicais do disco de estreia com o nome do grupo.

“O Bermim é quase um escape a tudo aquilo que andamos a viver neste momento, com estas potenciais guerras, apagões e invejas”, reforçou.

Filipe Fonseca nasceu no Porto, mas é filho de pais naturais da ilha do Faial, e juntamente com Duda (Maria Eduarda), natural de Vila de Conde, e o galego Marcos Fernandez, criou um projeto que valoriza a música açoriana.

“Há uma coisa que sempre quis fazer e continuo a fazer pelo legado familiar e por aquilo que gosto, que é fazer uma ponte cada vez mais sólida entre o arquipélago dos Açores e o continente. Grande parte do continente português tem muito pouco conhecimento da beleza de compositores que existe no arquipélago açoriano”, defendeu.

Filipe Fonseca destaca a presença da viola da terra (típica dos Açores) no disco, tocada por Marcos Fernandez, um instrumento com uma “característica musical e sonora tão bonita” e que continua desconhecido por muita gente.

“Compus uma música, ‘A viola que toca o chão’, em que é a própria viola da terra a apresentar-se: a dizer quem é, qual o significado, que importância tem na cultura dos Açores e o que é que a sua sonoridade representa lá fora na diáspora”, desvendou.

O disco de estreia vai ser apresentado a 16 e 17 de maio em concerto no Teatro Faialense, na Horta, com as participações especiais de Aníbal Raposo, António Bulcão, Carlos Alberto Moniz, Luís Alberto Bettencourt e Zeca Medeiros.

“É a primeira vez que esses cinco estão no mesmo palco nos Açores. Quando dei por mim tinha a nata da música açoriana comigo”.

O projeto vai, também, explorar a poesia dos autores açorianos Natália Correria, Victor Rui Dores e Gabriela Silva.

Filipe Fonseca faz questão de destacar a “imensa cultura” que existe nos Açores em diferentes áreas e apela ao Governo Regional para “dar mais atenção à cultura”.

“Existe uma identidade açoriana que está a ser perdida aos poucos. Os Açores estão a perder as escolas que eram a base de todas as ilhas. Chamam-se filarmónicas. As filarmónicas são escolas de música”, alertou.

Além de diretor de vários festivais, Filipe Fonseca foi autor do projeto “Blue Sea” (que criou versões ‘pop’ de músicas do cancioneiro açoriano) e do musical “Capelinhos” (sobre a erupção vulcânica que aconteceu no Faial).

 

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