[Uma democracia falsa bem cedo ruirá] é ‘marca registada’ desde 1765 pelo marquês Argenson, ‘Ministro dos Negócios Estrangeiros’ de Luís XV, para o produto de alta rotação em prol da qualidade da única propriedade privada que é o tempo de vida. Não é imaginação, mas um percurso. A luta permanente do direito à vida do cidadão não pode ficar ao deus-dará, produziu o freio constitucional, de garantia afetada aos deuses e às deusas, em caso das suas próprias mortes, contra [a hybris e a arrogância] terrenas a bem das almas.
Num país em que se diz a verdade com quantos dentes tem a boca de uma tartaruga, há outros, mas é exemplar a lentidão deste réptil para a recuperação da incompetência com que se culpa a cegonha pelo ‘interruptor da luz’ se situar num país vizinho. Mas temos de ser imarcescíveis, tanto quanto é regurgitada a resiliência – palavra sacrificada ad nauseam ̶ justaposta ao bajular o comportamento do “nosso povo” como se tratasse de uma população de toupeiras. Valha-nos a fabulação de prótese aos pressupostos, primeiro da ininteligibilidade da sociedade e depois da opinião pública incompetente para julgar o que acontece. Pensam eles… ou pior, os “nossos políticos”, assim nos julgam!
Nesse país de lineamentos travestidos de vantagens epistémicas que aprofundam a ineficácia da intervenção pública na sociedade, ascensor da pavidez política do Estado insuprível do que quer que seja é importante recuperar a experiência datada de a.C., de que os regimes autoritários não caem por serem derrubados. Autodestroem-se pela visão unilateral afastados da informação de baixo para cima essencial à governação. Aliás, Clístenes tirou os excluídos da cidadania ao proporcionar-lhes as liberdades políticas, alargadas para baixo, portanto. Pelo contrário, verifica-se ao fim deste arco temporal, nesta coutada europeia, a cobrança de solidariedade minguante e cerceada isonomia (igualdade perante a lei) inversamente ao aumento de privilégios da classe política, com mais afinidades do que diferenças. Osmose, um refrão!
Nas margens do tempo e do espaço, em Portugal o statu quo da esfera política, de indolência e negligência, tem história de transmissão tradicional e confirmada pela experiência de vida.
Já estamos em maio, o momento propício e a louva-a-deus não o perde, é um predador inter pares. Não desperdicem a oportunidade em apelos circulares, saiam da rotunda. Toda a atenção e memória são poucas. A “franquia eleitoral”, i.e., o voto está em alta e basta de reciclar políticos.