Este 25 de Abril trouxe dois factos que devem ser recordados. O primeiro foi as dezenas de milhar de católicos que, estando de luto, saíram à rua em todo o país, para afirmar a Liberdade, numa ação que serve também de homenagem ao legado do Papa Francisco. Caíram por terra os argumentos do governo de direita para não assinalar o 25 de Abril e fica à vista o seu incómodo com as conquistas da Revolução. O segundo foi a provocação e a violência organizadas e promovidas pela extrema-direita, com agressão a polícias e a quem se manifestava pacificamente. Fica demonstrado quem desrespeita a lei, a ordem e a autoridade.
O Dia do Trabalhador e o Dia da Liberdade estão profundamente ligados. Os 6 dias que se seguiram ao golpe militar foram muito intensos, abrindo caminho para a construção de um país novo. Os milhões de pessoas que se manifestaram nesse 1.º de Maio mostraram que já não haveria regresso aos tempos negros da ditadura. Apesar disso, tanto há 51 anos, como hoje, uma elite de privilegiados ainda tem saudades de um tempo marcado pela pobreza, pela repressão, pelo medo e pela ausência das liberdades e dos direitos que, entretanto, foram conquistados – tantas vezes contra a vontade de quem nos governa.
Não é por acaso que na linha da frente da resistência ao fascismo estiveram milhares de Trabalhadores e de Sindicalistas. A pobreza entre quem trabalha era a marca de uma política ao serviço de 7 grandes grupos económicos que, na prática, dominavam o país. Eram ao mesmo tempo os grandes beneficiários do regime e o seu principal apoio. É sua a responsabilidade de Portugal ter chegado a 25 de Abril de 1974 como o país mais atrasado da Europa, lucrando com uma política que condenava a maioria à miséria.
Sem a destruição da corrupção e do poder económico dessa elite, sem nacionalizar setores e empresas estratégicas, seriam impossíveis as profundíssimas transformações económicas, sociais e políticas da Revolução! Ora, também é isto que está em causa, em 18 de maio, na eleição dos deputados que nos representarão: a oportunidade para, de novo, construir Abril!