Na semana passada, abordei o que nos trouxe à atual situação: uma vergonhosa promiscuidade entre o poder político e o poder económico, numa teia de interesses em que são sempre os mesmos a pagar (quem trabalha), para favorecer os lucros e o enriquecimento ilícito de meia dúzia de grandes famílias. Repito: à custa de quem trabalha. Quem assim age, fá-lo contra os valores de Abril e a Constituição. Está, inclusive, a recuperar as práticas da ditadura, em que era generalizada a corrupção e a subversão do poder político por seis grandes grupos económicos, escondidas com eficácia pela censura.

A vida de todos os dias foi dando razão à CDU. Agora, aqueles que compactuaram com o governo, procuram criar ilusões. Agora, prometem salários, pensões, habitação e muito mais. Só que o discurso e a prática não coincidem. Agora, dizem recusar a política que antes apoiaram. Agora, prometem o que chumbaram, quando a CDU apresentou nestes 11 meses e já havia apresentado antes.

É bom ter presente alguns factos relevantes. Durante quase um ano, PSD e CDS governaram com o orçamento do PS, sem o retificarem. Este foi o orçamento que o PSD chumbou, o que demonstra que o fez por tática, e não por discordância.

A crise da habitação não é recente: em 10 anos, mais que triplicou o preço das casas, as rendas e os juros ao banco. As propostas da CDU, de colocar os lucros colossais da banca a pagar a crise da habitação, de combate à especulação, de impor tetos nas rendas e outras foram sempre chumbadas pelos suspeitos do costume – PSD, PS, CDS, CH e IL.

Também foram estes que agravaram a injustiça fiscal. As grandes empresas foram favorecidas com a descida real do IRC, pagando menos impostos. Contudo, a descida do IRS foi ilusória. Quem trabalha, foi surpreendido: agora, tem de pagar IRS ou recebe uma devolução muito inferior à de anos anteriores.

Nestas eleições, poderão ser garantidos os lucros de meia dúzia de privilegiados ou, pelo contrário, defendida a vida da maioria. Mais desigualdades e injustiças ou respostas aos problemas de todos os dias. É isto que está em causa. Cabe a cada um decidir como será mais útil o seu voto.

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