O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou hoje a imposição de “tarifas recíprocas” sobre importações, incluindo de 25 por cento sobre todos os automóveis estrangeiros.
Após múltiplos alertas de especialistas económicos e financeiros sobre os impactos do aumento de tarifas na inflação nos Estados Unidos e no comércio económico global, o anúncio de Trump na Casa Branca foi feito depois do fecho dos mercados bolsistas norte-americanos, que encerraram hoje em alta ligeira.
“Não vai ser [reciprocidade] total… podíamos cobrar o total [de tarifas aplicadas por outros países]… vamos cobrar metade”, disse Trump, que exibiu uma tabela com o nível das barreiras comerciais e não comerciais sobre produtos norte-americanos em vários países e mercado e o que Washington vai passar a cobrar a partir de quinta-feira.
De acordo com a referida tabela, a China aplica tarifas de 67% sobre produtos norte-americanos e os seus produtos passam a pagar 34 por cento para entrar nos Estados Unidos; os países da União Europeia (UE) passam a pagar 20 por cento de tarifas, metade de 39% de barreiras comerciais e não comerciais estimadas.
“Pensamos que a União Europeia é muito amigável, mas eles roubam-nos. É muito triste ver isso. É tão patético; [taxam produtos dos EUA a] 39%, nós vamos cobrar-lhes 20%”, frisou Trump.
Para aceder ao mercado norte-americano, os produtos do Japão passam a pagar 24%, os da Índia 26%, de Taiwan 32% e do Vietname 46%.
Ao Reino Unido e Brasil passam a ser aplicados 10%, correspondentes ao aplicado aos produtos norte-americanos, disse ainda Trump.
“Chamamos a isto recíproco simpático”, disse Trump, que frisou que “gostaria” de aplicar “reciprocidade total”.
Outros países destacados por Trump foram Suíça, Indonésia, Coreia do Sul e África do Sul.
Os direitos aduaneiros específicos de cada país ou bloco económico, como a UE, começarão a ser aplicados a partir de 09 de abril, afirmaram à imprensa funcionários da Casa Branca.
A tarifa-base de 10 % começará a ser aplicada mais cedo, no sábado, 05 de abril, segundo estas fontes citadas pela EFE.
As tarifas de 25 por cento sobre os automóveis estrangeiros, que afetam em grande medida os países da UE, entrarão em vigor a partir da meia noite de hoje, disse Trump no jardim da Casa Branca, com diversas bandeiras dos Estados Unidos em pano de fundo e na presença do vice-Presidente e dos principais membros do governo, incluindo os secretários de Estado e da Defesa.
Antes de assinar a ordem executiva instituindo as reciprocidade de tarifas, Trump apresentou a medida como uma defesa da produção industrial norte-americana, tendo na audiência vários operários equipados, alguns de capacete.
A imposição de tarifas foi hoje apelidada pelo Presidente de “Dia da Libertação”, após Donald Trump ter anunciado nos últimos meses aumentos de 25% dos direitos aduaneiros sobre as importações de aço, alumínio, automóveis e peças de automóveis.
O Presidente norte-americano apresentou a medida sobretudo como um indutor de investimento estrangeiro em fábricas nos Estados Unidos e de crescimento económico, perdido para outros países nas últimas décadas.
“Estas tarifas vão dar-nos crescimento como vocês nunca viram”, prometeu, visivelmente bem disposto.
“Hoje é um dos dias mais importantes da história americana”, frisou.
Trump utilizou uma retórica agressiva para descrever o sistema de comércio global que os Estados Unidos ajudaram a construir após a Segunda Guerra Mundial, afirmando que o seu país “foi saqueado, pilhado, violado, pilhado” por outras nações.
A 04 de março, Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, mas estabeleceu uma moratória de um mês sobre os produtos provenientes destes dois países abrangidos pelo acordo de comércio livre entre estes países.