O município das Lajes do Pico, nos Açores, criou um novo espaço museológico na vila, dedicado ao bote baleeiro, com o objetivo de captar visitantes e “perpetuar os saberes associados” à cultura baleeira, foi hoje divulgado.
O novo espaço, denominado Sala do Bote, está localizado no edifício da Casa dos Botes das Lajes do Pico, situado na orla marítima à entrada desta vila da ilha do Pico, no grupo Central açoriano.
A Sala do Bote, onde se encontra um bote baleeiro, inclui o uso de tecnologias como a realidade virtual, e disponibiliza informação ao visitante sobre o bote baleeiro açoriano, a sua origem e variações, características e evolução, entre outros aspetos.
Segundo uma nota da autarquia das Lajes do Pico, o local é “um espaço inovador que visa perpetuar os saberes associados ao bote baleeiro, incluindo a sua construção e manutenção, com o uso de tecnologias como a realidade virtual para envolver as novas gerações e turistas”.
O projeto de criação da Sala do Bote representou um investimento total de 105.593 euros e foi apoiado pelo programa PRORURAL+, com um cofinanciamento comunitário de 76,26%.
Na inauguração do espaço, no domingo, com a presença de autoridades locais e de antigos baleeiros, a presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico, Ana Brum (PS), destacou o simbolismo da requalificação da Casa dos Botes, um edifício de “grande simbolismo histórico, patrimonial e identitário”, e referiu que é “uma aposta no futuro cultural e turístico do concelho”.
A autarca, citada no comunicado, sublinhou que a cultura baleeira é o “maior património” do concelho, pelo que o projeto da Sala do Bote não só valoriza a história da baleação, mas também homenageia os antigos baleeiros, que são “o legado vivo” dessa mesma cultura.
A caça da baleia no arquipélago dos Açores terminou em 1984.
A captura processava-se com base em barcos de boca aberta e em métodos artesanais, com recurso a um arpão, sendo posteriormente os cetáceos desmanchados nas unidades industriais que existiam nas várias ilhas do arquipélago.
No seu discurso, Ana Brum anunciou que foi iniciado o processo de formalização da candidatura da atividade baleeira no concelho ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com submissão prevista para o dia 21 de junho.
A candidatura inclui um estudo de recuperação histórica das regatas de botes baleeiros e um plano de salvaguarda para garantir a continuidade da prática, segundo a autarca.
“O nosso projeto de desenvolvimento assenta na recuperação e revitalização do património histórico, com o claro compromisso de dar futuro ao legado recebido das anteriores gerações”, concluiu Ana Brum.
A Casa dos Botes das Lajes do Pico é constituída por um complexo de casas edificadas nos finais do século XIX, destinadas a guardar os botes baleeiros e os seus apetrechos.
O projeto de reabilitação e ampliação dos edifícios, promovido pelo município das Lajes do Pico, representou um investimento superior a 600 mil euros e foi apoiado pela União Europeia.
A intervenção, segundo informação disponibilizada pela autarquia na sua página da internet, pretendeu “recuperar/requalificar e ampliar os edifícios que correspondem às antigas Casas dos Botes das Lajes do Pico, de forma a dotá-las de condições potenciadoras da valorização da prática de desportos náuticos, em especial em botes baleeiros e da vela ligeira”.
Pretendeu, ainda, revitalizar “espaços destinados ao lazer e à estadia a residentes e turistas, como polo de atração turístico e económico” e melhorar a qualidade do ambiente urbano.
