A secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas defendeu hoje uma concessão a privados das Termas do Varadouro, no Faial, Açores, incluindo o edifício pertencente à região e terrenos do município onde está localizado um furo de águas termais.
“Devemos juntar aquilo que é regional e aquilo que é municipal e fazer uma concessão conjunta com, obviamente, possibilidade de fazer um empreendimento com outro folgo, outra robustez e outra possibilidade de oferecer serviços diferenciados”, insistiu Berta Cabral durante uma audição na Comissão de Economia da Assembleia Regional, reunida na cidade da Horta.
A governante, que foi ouvida pelos deputados a propósito de uma petição entregue no parlamento açoriano, a exigir a recuperação do edifício das Termas do Varadouro, que está abandonado há décadas, esclarece, no entanto, que o investimento deve ser feito por privados e não pela região.
Opinião contrária tem Nuno Rosa, presidente da Junta de Freguesia do Capelo e primeiro subscritor da petição, assinada por 1.246 pessoas, que entende que deve ser o Governo dos Açores a recuperar o património que lhe pertence e que inclui não só o edifício das Termas do Varadouro, como outros imóveis de apoio, existentes naquela zona.
“Nós vamos continuar a propor ao Governo Regional que se recupere o espaço das Termas do Varadouro. É importante para a nossa freguesia, é importante para a nossa ilha e acho que é muito importante para a nossa região a recuperação deste complexo termal”, insistiu o primeiro peticionário, durante a audição parlamentar.
Os anteriores governos socialistas chegaram a apresentar um projeto de reabilitação para as Termas do Varadouro, que incluía a construção de uma unidade hoteleira associada às termas, mas o Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) elaborou um relatório que alertava para os riscos de queda de pedras da encosta que fica sobranceira ao imóvel, o que acabou por afastar potenciais investidores privados.
“Essa informação do LREC é pública e, se calhar, para quem não tem vontade de realizar o investimento, é uma forma de justificar o não”, admitiu Nuno Rosa durante a audição parlamentar.
O edifício das Termas do Varadouro foi inaugurado em 1954 com o objetivo de aproveitar as águas termais que existiam no lugar do Varadouro, na freguesia do Capelo, ilha do Faial, mas o imóvel, pertencente à região, acabaria por encerrar no final dos anos 90 do século passado.
Os peticionários lembram que o Governo Regional recuperou as Termas da Ferraria, em São Miguel, e as Termas do Carapacho, na ilha Graciosa, mas deixou as Termas do Varadouro “ao abandono”, remetendo para privados a eventual recuperação do edifício.
“A intervenção nas Termas do Varadouro ficou inexplicavelmente amarrada num processo confuso de enganos”, pode ler-se no documento posto a circular e entregue no parlamento regional, que critica a “dualidade de critérios” do executivo, que faz com que o edifício continue a “aguardar o milagre” de um investidor privado.
A Comissão de Economia da Assembleia Regional tinha também previstas para hoje as audições do presidente da Câmara do Comércio e Indústria da Horta, Francisco José Rosa, e do médico pneumologista e especialista em águas termais, Luís Cardoso Oliveira, mas ambas as audições acabaram por ser adiadas para outra data.