Dez anos depois, o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas dos Açores, que vai celebrar o aniversário no sábado com um concerto e exposição, não quer ser reduzido a museu e pretende afirmar-se como “espaço de criação”.

“O Arquipélago não é só um espaço de apresentação e não se pode reduzir o Arquipélago a um museu, mas é um espaço de criação. É através das residências artísticas que podemos acolher artistas emergentes ou conceituados e dar um novo impulso à arte que se faz na região, não só para a região, mas para todo o mundo”, afirma à agência Lusa o diretor interino do Arquipélago, Ricardo Esperanço.

Ao longo dos dez anos de existência, o Arquipélago foi “palco para novos artistas” em “áreas que até então não eram muito exploradas na região”, acolhendo um “fervilhar de agentes culturais dispostos a criar arte contemporânea na ilha”, destaca Ricardo Esperanço.

O diretor defende que o futuro do Arquipélago deve passar, também, por uma maior aposta nas residências artísticas para dar um “novo impulso” à arte que se faz nos Açores.

“O Arquipélago quando surgiu em 2015 parecia quase um espaço de elite, um espaço mais fechado. Ao longo destes 10 anos tem-se aberto à comunidade, ao público, trazendo, também, artistas regionais, sem descurar os artistas nacionais e internacionais que são muito importantes para dinamizar a região”, realça.

Para celebrar o aniversário, o centro vai inaugurar uma exposição no sábado, às 16:00 (entrada gratuita), intitulada “Espaços Transitórios”, que pretende refletir sobre o papel do Arquipélago a partir de uma seleção de obras próprias e do Museu Carlos Machado.

“É uma exposição curiosa porque procura refletir sobre lugares em trânsito. Pensámos em quatro paredes brancas e até onde isso nos podia levar. Essas quatro paredes brancas são lugares em potência. Foi também uma forma de refletirmos sobre o Centro de Artes e a sua missão no contexto arquipelágico”, explica.

Também no sábado vai acontecer um concerto gratuito de André Rosinha Trio, que vai ao encontro da dinâmica musical que o centro tem procurado explorar.

“A programação deste ano do Arquipélago tem desenvolvido muito a questão da música. Queremos introduzir novos estilos, não só para proporcionar novas dinâmicas ao nosso público como para conquistar outros públicos”, assinala.

A instituição está com uma direção interina há mais de um ano após o concurso ter sido impugnado por um dos concorrentes, estando o caso a desenrolar-se nos tribunais.

Apesar da situação, o diretor interino garante que o Arquipélago está “em pleno funcionamento”.

“É da colaboração e do entrosamento que existe na equipa que é possível criar caminho e o Arquipélago manter-se em pleno funcionamento. Não há outra forma de o dizer. Continuamos a criar coisas, a criar público e a abrir-nos”.

Localizado na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, o Arquipélago instalou-se numa antiga fábrica de álcool e apresenta-se com um dos maiores centros públicos de arte contemporânea em Portugal, com cerca de 9.000 metros quadrados.

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