Diz-se que quem não aprende com o passado está condenado a repetir os erros. Poderá ser o caso do governo regional, que anunciou a intenção de privatizar um conjunto de serviços públicos essenciais à vida na Região – um erro que sairá bem caro aos Açorianos. Contudo, esta pressa não resulta de qualquer inconsciência política. Cada membro do governo regional tem bem presente os efeitos desastrosos desta decisão, a médio e a longo prazo.

As razões serão muitas, mas bem afastadas do interesse público regional. Poderá ser a cegueira ideológica e o velho dogma da direita: se é público, é mau, se é privado, é bom. Poderá ser para garantir a sobrevivência política no imediato, satisfazendo as exigências das más companhias que escolheu. Poderá ser para servir a sua rede de interesses privados – ou seja, a meia dúzia de fortunas regionais e nacionais, que tratarão de colocar os lucros correspondentes num qualquer paraíso fiscal.

As empresas em causa dão resposta, todas elas, a serviços públicos essenciais. A sua falta ou o decréscimo de qualidade do seu serviço serão rapidamente notados, pela negativa. Trata-se do IROA, do IAMA, da Portos dos Açores, da Lotaçor, da SEGMA, da Globaleda, do Teatro Micaelense e da Atlanticoline. Com a sua privatização, o primeiro objetivo deixará de ser a qualidade do serviço e passará a ser o lucro, garantido com o aumento do custo de vida e da despesa pública, que terá de ser assumida pela Região. Quando estas empresas deixarem de dar lucro, lá virão as habituais exigências de compensações chorudas, que sobrecarregarão, mais uma vez, os cofres públicos regionais…

A privatização destas companhias colocará em causa, no imediato, a nossa segurança alimentar e aquilo que resta da produção regional – nomeadamente pescas e agricultura. A médio prazo, trará enorme prejuízo para as contas públicas regionais. A longo prazo, significará o condicionamento do nosso desenvolvimento económico e social. Na Região e na República, os governos das direitas, apoiados nestas opções pela IL e pelo CHEGA, insistem nos mesmos erros do passado. Por isso mesmo, são governos que estão a prazo e que não deixarão boas memórias.

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