O líder do PS/Açores manifestou-se contra privatizações de empresas públicas na região para “pagar buracos” e favorecer grupos económicos que procuram ser “dominantes no mercado”.
“Aquilo que nós não podemos fazer é privatizar empresas públicas com dois propósitos: vendê-las para conseguir ter algum dinheirinho para pagar os buracos nas contas que temos e porque há um conjunto de grupos económicos que acham que essas são apelativas para poderem ser dominantes a nível do mercado”, declarou Francisco César.
O dirigente socialista falava na vila das Capelas, no concelho de Ponta Delgada, no encerramento da Academia Novo Futuro, organizada pelo PS/Açores, sob o tema “Formar Jovens Líderes para Um Novo Futuro para os Açores”.
O socialista afirmou que “se é para ser assim não contem com o PS” e “não aproveitem o facto de se estar em eleições para avançar de uma forma rápida e escondida para isto”.
O Governo dos Açores anunciou a 12 de março que encomendou um estudo sobre a melhor forma de privatizar várias entidades públicas, como o Teatro Micaelense, a Atlânticoline, o IROA, o IAMA, a Portos dos Açores ou a Lotaçor.
“O que está em causa neste momento é tomar decisões em relação aos ativos que temos entre mãos, para além do golfe e da SATA. Tomar decisões, se é sobre extinção, cessão, alienação ou fusão. É preciso decidir. Para decidir, temos de ter os dados”, afirmou o secretário das Finanças, Planeamento e Administração Pública, no parlamento dos Açores.
Nas suas declarações de hoje, Francisco César lamentou, por outro lado, que o Governo Regional tenha levado quatro anos para “chegar à mesma conclusão” a que o PS já tinha chegado, de que uma proposta de revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas não deveria ser comum à Madeira e os Açores.
O socialista recordou que o partido havia defendido a concertação interna nos Açores, através do parlamento regional, antes de se falar com a Madeira sobre esta matéria, porque “os interesses da Madeira não são necessariamente os dos Açores”, a começar pelo número de ilhas, bem como no facto de “terem a economia assente no turismo” quando na região esta “está assente na agricultura, nas pescas, no turismo e num conjunto de serviços”.
Francisco César lamentou que, nos Açores, “o Governo Regional tenha aproveitado este momento [de crise política nacional] para poder utilizar o facto de se ir a eleições e esconder o falhanço das suas próprias políticas”, tendo exemplificado com a habitação, problema que disse ser transversal em toda a sociedade.
O dirigente reiterou que o PS “não queria eleições, mas não tem medo de ir a eleições”.