Volto a dizer e repetirei até à exaustão: na política não vale tudo. Insisto neste princípio porque tantas são as vezes que a ele fogem certos políticos da nossa praça. Sem pudor, os cavalheiros apostam numa espécie de apagão da memória e no consumismo instantâneo da informação, que esquece hoje o que ontem foi notícia. Mas há resistentes, e se as tecnologias tornam tudo mais volátil, também evitam apagar o rasto deixado por gente com menos escrúpulos.
Digo isto genericamente e digo igualmente a propósito da tática socialista para fazer valer argumentos que não tem.
Há meia dúzia de dias, com a habitual fleuma dos entendidos, o líder César sentenciou que “nem conseguimos pagar à empresa pública de que somos proprietários, aquilo que lhe devemos”, referindo-se à SATA.
Não resisti à tentação de avaliar o crédito do mensageiro e a verdade da mensagem, e fui à procura da informação, da verdade dos factos. Feito o apuramento, constata-se que o Governo Regional não tem em atraso pagamentos à SATA.
De caminho lembrei-me da auditoria do Tribunal de Contas sobre a gestão da nossa companhia aérea entre 2013 e 2019. Só de compensações financeiras, apurou o tribunal, eram devidos pelo executivo socialista 51 milhões de euros. É caso para dizer que o entusiasmo é forte e o rigor fraquinho.
Aliás, convém também recordar que a SATA nunca foi ressarcida pelo governo de António Costa, em mais de 100 milhões de euros, pelos voos realizados para as chamadas gateways não liberalizadas, Faial, Pico e Santa Maria. Mas isso o mensageiro não diz. Há verdades inconvenientes.