Luís Silveira, presidente da Câmara de Velas, em São Jorge

A Torre da Urzelina, que é tudo o que resta de uma igreja que foi destruída pela erupção vulcânica de 1808 em São Jorge, Açores, foi classificada como imóvel de interesse municipal, anunciou hoje o município de Velas.

O presidente da Câmara Municipal de Velas, Luís Silveira (CDS-PP), disse hoje à agência Lusa que, segundo a história, a torre da igreja “foi o que sobrou (…) do vulcão da Urzelina”, ocorrido em 01 de maio de 1808.

Segundo o autarca, o que resta do templo religioso da Urzelina, é considerado um ícone da arquitetura, da história do concelho e da ilha de São Jorge, e é hoje “um ponto turístico” de referência.

O edital que classifica a Torre da Urzelina como imóvel de interesse municipal foi hoje publicado pela Câmara Municipal de Velas em Jornal Oficial.

A classificação ocorreu por deliberação da Assembleia Municipal de Velas de 28 de fevereiro de 2025, após parecer favorável da Câmara Municipal atribuído na reunião do dia 21 de fevereiro.

O monumento, situado na Estrada Regional, na freguesia da Urzelina, é propriedade da Junta de Freguesia.

O presidente do município de Velas admitiu hoje à Lusa que o processo de classificação demorou, mas foi concluído com sucesso.

“[Com] este interesse público municipal que hoje é publicado, é mais uma parte do nosso património arquitetónico riquíssimo que fica registado como tal”, disse Luís Silveira, referindo que a Junta de Freguesia da Urzelina faz a conservação e a manutenção do monumento.

Lembrou, no entanto, que no passado existiram “alguns percalços” relacionados com a propriedade de terrenos adjacentes, mas foram ultrapassados por um processo judicial, que determinou que a torre “é propriedade da Junta de Freguesia da Urzelina”.

A classificação da Torre da Urzelina – a torre sineira com cerca de 30 metros de altura, que é a única coisa que resta da igreja que foi destruída em 1808 – como imóvel de interesse municipal é bem recebida pelo presidente da Junta, André Silveira, por considerar tratar-se de “um passo importante” para a freguesia e para a ilha de São Jorge.

“É um imóvel muito conceituado e conhecido a nível da promoção turística, um ponto de paragem para todos os turistas que passam em São Jorge”, admitiu.

O autarca sublinhou que o monumento está relacionado com a erupção do vulcão de 1808 e que da igreja existente sobrou apenas a torre sineira, que hoje é um “marco histórico”.

“Daí todo o significado religioso, histórico e místico” do local, que é “um ponto de paragem obrigatória de quem visita São Jorge”, admitiu.

Na semana passada, a Junta de Freguesia da Urzelina terminou uma intervenção de limpeza e de pintura da torre, sendo intenção proceder à manutenção e ao embelezamento da área envolvente para que os visitantes “possam ter uma boa experiência”.

Apesar de a torre ser de construção antiga não apresenta danos visíveis ou que indiquem “que ela corre perigo”, apontou.

No entanto, segundo André Silveira, o monumento não é visitável interiormente, porque não possui escadaria, mas admite que a construção de um acesso “pode ser o passo seguinte”.

O presidente da Câmara Municipal de Velas, Luís Silveira, admitiu que caso a Junta de Freguesia pretenda construir uma escadaria para permitir visitações ao interior da torre, certamente que contará com a colaboração do município.

A Junta de Freguesia da Urzelina informa na sua página da internet que na erupção vulcânica de 1808 “a corrente de lava arrastou o corpo da igreja” e “só restou a torre e parte da fachada, ficando como marco histórico deste terrível acontecimento”.

“Quase de imediato [o local] transformou-se no ex-líbris da freguesia, e todo e qualquer forasteiro que por lá passava não deixava de a visitar”, acrescenta, lembrando que em 1866, a Junta da Paróquia decidiu demoli-la para venda da sua pedra, mas a intenção não se concretizou.

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