Divergi das alegadas operações que fazem desaparecer os obstáculos sobre valores extra-económicos a favor de políticos norte-americanos. Hesitei a debruçar-me sobre a ex-subsecretária de Estado Victoria Nuland, a que recomendou o contorcionismo à Europa a fim do coito, acusada pelo tenente-general Michael Flynn, de pertencer a um suposto conluio para assassinar o Presidente Donald Trump. Hesitei ainda sobre a Ucrânia como plataforma de desvio de dinheiro dos contribuintes americanos rumo a um conjunto de burocratas corruptos de Washington e, decidi-me pela descrição da caricatura ao suicídio de Boris Nemtsov, assassinado em Moscovo há 10 anos com 4 tiros nas costas, quando fui ‘distraído’ pela turbamulta vinda da Praça da Constituição de 1976.

Pois, sob os auspícios da área intermédia do conflito de interesses decorre o novo pandemónio seriíssimo, embora pouco louvável da política portuguesa. Entre socráticos ̶ os da doutrina filosófica ̶ e os só-cretinos exala o fedor das moções e comissões parlamentares de inquérito a infletirem do que é a governação. Todavia, como a sociedade move-se por interesses privados, silenciada ou silenciosa a arbitragem, do understatement surge o atestado da questão vespasiana da consciência geral; o que interessa é a tributação sobre o resultado do negócio e não o facto gerador. Capitalismo de interseção.

Perante problemas que põem em causa a própria natureza do sistema democrático, nas sociedades de informação, como a nossa… aqueles que de forma heurística, mas sem escrúpulos deontológicos e arranjo de suplementos morais para a própria indignação que não aquilo que é de facto grave, a desgovernação, sugerem a aplicação ao teatro político português de uma obra sobre a amoralidade, a Ópera dos Três Vinténs; a subversão transparente, mas destituída de moral, de valores que se exprimem em dinheiro e da zona silenciosa das equações, pecunia on olet, i.e., o dinheiro não tem cheiro!

Os enviesamentos prolongados, na sucessão de crises, por falta de originalidade da função da política em prol do país projetam-se, a vau sobre alpondras da recuperação das instituições nacionais em evanescência e rebatem a falsa realidade conjurada dos partidos do contrário. Forjada mais uma conjuntura de inutilidades, ideologicamente larvar como de um tal “parágrafo…” semovente para a criação de factos irrevogáveis, a insolência muda de lado, as depreciações sem diferenças preservadas, fazem as agendas e estabelece o campo perfeito para os predadores da política, da conduta que os leva ao Poder, como Primeiro-ministro ou como Presidente da República, tanto faz, o putativo candidato muda de contexto logo que a oportunidade chega!

Rizomático bastante, há que proceder a uma reconstrução completa da teoria democrática. Não serão as próximas eleições, senão a edição subsequente do retorno dos flibusteiros do quadro institucional por definição da época e do padrão da política presente.

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