A Freguesia da Matriz, na cidade da Horta, celebrou mais um aniversário, destacando a importância do poder local e homenageando o contributo histórico de Alberto Romão Madruga da Costa, uma figura central na construção da Autonomia Constitucional e Democrática dos Açores. O discurso solene esteve a cargo do economista e antigo presidente do Conselho Económico e Social dos Açores (CESA), Gualter Furtado, que enalteceu o papel das freguesias e a relevância do homenageado.
No seu discurso, Gualter Furtado sublinhou a singularidade do modelo autárquico português, que confere às Juntas de Freguesia um papel fundamental na proximidade às populações. Destacou que estas estruturas, criadas com base no Liberalismo, têm desempenhado funções essenciais que anteriormente estavam sob responsabilidade da Igreja e das paróquias. “Sem as Juntas de Freguesia, muitas comunidades estariam privadas de serviços essenciais como acesso a correios, caixas ATM ou mesmo apoio em serviços básicos”, frisou.
A Matriz, sendo a freguesia mais central da Horta, tem um património humano e institucional relevante, que deve ser valorizado pelos poderes municipal e regional. Segundo Gualter Furtado, a cooperação entre os diferentes níveis de governo é essencial para enfrentar desafios como o envelhecimento populacional e a necessidade de atrair novos residentes. “A freguesia tem um papel determinante na integração de imigrantes e na resposta a problemáticas sociais emergentes, como as dependências”, alertou.
A cerimónia serviu também para recordar a figura de Alberto Romão Madruga da Costa, nascido na Matriz em 1940 e falecido em 2014. O homenageado teve um percurso político notável, exercendo funções em vários órgãos de governação, incluindo a presidência da Assembleia Legislativa e do Governo Regional dos Açores. “Foi um homem de consensos, com elevado sentido ético e compromisso com a gestão pública”, destacou Gualter Furtado.
Com um percurso académico que incluiu estudos em Filologia Germânica na Universidade de Coimbra, Madruga da Costa teve uma carreira diversa, passando pelo setor bancário e exercendo funções institucionais de relevo após o 25 de Abril. Na fase inicial da Autonomia, presidiu à Junta Geral do Distrito da Horta e foi deputado à Assembleia Legislativa Regional dos Açores ao longo de seis legislaturas.
Além da sua atuação parlamentar, desempenhou cargos executivos como Secretário Regional dos Transportes e Turismo nos primeiros Governos Regionais, contribuindo para o desenvolvimento das infraestruturas de acessibilidade nos Açores. Em 1995, assumiu a presidência do Governo Regional, sendo o único político a ocupar tanto o cargo de presidente da Assembleia Legislativa como do executivo regional.
Gualter Furtado concluiu a sua intervenção enaltecendo o legado de Madruga da Costa, referindo-se a ele como “um político das missões difíceis, sempre com discrição e elevado sentido de responsabilidade”. A homenagem no Dia da Freguesia da Matriz reforçou a importância da memória histórica e do compromisso com a Autonomia e Democracia dos Açores.