Está instalada uma crise política. Como o PCP sempre alertou, o governo da República demonstrou não só não ter respostas para os enormes problemas vividos no país, como também agir para os agravar. Agora, revela-se também ser um fator de descredibilização da vida política.
Como afirmou Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, “Não brincamos à política. É preciso travar este pântano.” A realidade justifica, efetivamente, esta moção de censura. Contudo, os deputados do PS foram decisivos para a inviabilizar – algo incompreensível, perante as críticas que fazem à política do governo. Diria mesmo que é uma contradição insanável que se tem repetido várias vezes. O PS já inviabilizou uma moção de rejeição ao programa do governo, viabilizou o orçamento do estado e aprovou a lei dos solos, entre outros exemplos. Em pouco mais de um ano, com enorme incoerência, o PS já foi três vezes decisivo para manter o governo em funções e tem sido essencial para viabilizar a política que critica. Portanto, afirmar que a apresentação de uma moção de censura é um favor que o PCP fez ao governo só pode ser manobra para disfarçar que muito mais é o que os une que aquilo que os separa.
Ao contrário da moção de censura votada há duas semanas, o PCP denunciou não só a promiscuidade e os negócios ilegítimos promovidos pelo governo – e que o voto a favor do CHEGA na lei dos solos ajudou a legitimar –, mas também a sua política. Criticou a destruição do Serviço Nacional de Saúde, as crescentes dificuldades em aceder a uma habitação digna, a desvalorização do trabalho, os baixos salários e o aumento das dificuldades do dia a dia – tudo realidades que o governo insiste em agravar.
Sem entrar em jogos políticos nem cálculos eleitorais, tendo apenas presente o cumprimento da palavra dada nas eleições e tendo como únicos critérios a situação do país e a urgente necessidade de credibilizar a vida política, na semana em que faz 104 anos de vida e luta, o PCP mostrou, mais uma vez, que continua e continuará a ser aquilo que sempre foi: uma voz indispensável para o País, que não fica à espera para lutar por uma vida melhor!