O presidente da Associação de Municípios dos Açores disse hoje ver com “grande preocupação” a atual crise política, lamentando a incerteza e a imprevisibilidade que podem colocar “seriamente em risco” projetos das autarquias comparticipados pela República.
“Vemos com muita preocupação. Os prazos são muito apertados. Recordo que, até março de 2026, temos já projetos em carteira que têm de estar executados até esta altura. E, entrando o Governo [da República] em gestão não sabemos como é que ficará a aprovação dos respetivos projetos e a execução dos mesmos”, afirmou o presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores (AMRAA).
Alexandre Gaudêncio falava aos jornalistas à margem da assinatura de um protocolo entre a Associação de Municípios dos Açores e a Fair Pay Foundation, uma iniciativa do Instituto de Formação e Pesquisa da Organização das Nações Unidas (UNITAR).
Questionado sobre a hipótese de eleições antecipadas, Alexandre Gaudêncio, que é também presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, sustentou que a atual situação “pode deitar por água abaixo um trabalho que foi feito nos últimos tempos”.
O autarca, e antigo presidente do PSD/Açores, lembrou que “ainda muito recentemente” a Associação de Municípios viu aprovada “uma candidatura de cerca de dois milhões de euros ao nível de sistemas verticais que são extremamente importantes para as decisões diárias” das autarquias.
“Reiteramos necessidade de termos um Governo estável que possa colocar em prática as ações que estavam protagonizadas. E, voltando tudo ao início, colocam-se seriamente em risco vários projetos”, apontou o presidente da Associação de Municípios dos Açores, dando como exemplo, a construção da nova esquadra da PSP da Ribeira Grande.
Alexandre Gaudêncio assinalou ainda que as autarquias “lamentam” a atual situação e reiteram a necessidade de “um Governo estável”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já admitiu a realização eleições antecipadas em maio, após o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter anunciado uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.
A moção de confiança foi aprovada, na quinta-feira, em Conselho de Ministros, e vai ser debatida e votada na próxima terça-feira.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que “não foi avençado” nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção for rejeitada, Marcelo convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém, “se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado “para dois dias depois”, admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.