Negar os factos não os muda. Não muda o facto de se morrer dela, adicionada que foi à comorbidade por falta de diagnóstico competente. Ser urgente é a antítese da epidemia de uma peste que por outro lado se espalha pela ilusão da robustez tecnológica, à margem da eficiência complementar a fim de evitar a gadanha da morte inocente.

Nesse calendário a carrear a destruição do mito da neutralidade política face à galáxia Starlink, por exemplo, a Ucrânia depende da vontade do dono daquele f irmamento de satélites, i.e., a proteção da integridade territorial é incompatível com os meios de que dispõe o multibilionário da Big Tech, o que caracteriza, a atual, “estetização da política”. Um poder executivo incontrolável encimado por um histrião do imobiliário, eleito. Por essa legitimidade política é tão só o chefe do núcleo, uma sinarquia empedernida em que cada membro se projeta ao nível do chefe de Estado com pesar e apesar das aprovadas nomeações pelo Senado – a dispensar os checks and balances, como promove, J. D. Vance, vice-Presidente dos EUA.

Em 2024, Thierry Breton, Comissário Europeu para o Mercado Interno, fez a seguinte admoestação a Elon Musk: “todas as medidas de mitigação proporcionais e eficazes sejam postas em prática em relação à amplificação de conteúdo prejudicial em conexão com eventos relevantes”, que opacidade! Vance reagiu com uma acusação de ameaça à liberdade de expressão. Pois não se fala assim com o potentado que dita a sua própria versão da liberdade de expressão, que corrige num ápice qualquer trajetória com certeza ou nem por isso, mas sem se anquilosar num corpus gerundífico de considerações e autofágico europeu. Detêm os poderes democráticos isentos de ‘reciprocidade justificável’… de estabelecer como se vive, inclusive o poder da guerra, pressuposto da morte! Neste momento nem Henry Kissinger teria dúvidas a quem ligar para obter o que quer que fosse da Europa, porquanto esta se entretém com a “Bússola” do seu sistema paracéfalo, de cabeças de pugilista, perturbadas em densidade e recalcificação.

Durante a Conferência de Segurança de Munique, urbi et orbi, a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, expressou um vislumbre, “temos de ser inteligentes”, de entre a réplica de generalidades, mas prospetivou a disrupção do espartilho entre um capitalismo de direção central, chinês e o capitalismo ‘neoliberal’, norte-americano. Mais impressionante, vimos J. D. Vance a dar uma aula aos europeus de democracia paradoxal. Igualmente em Bruxelas, Pete Hegseth, Secretário da Defesa dos EUA, não reconheceu qualidade negocial americana aos europeus e dispensou-os da mesa das negociações de paz para a Ucrânia. Estes momentos, para os norte americanos, céleres e eficazes, todavia nem em Munique e nem em Bruxelas, são causa finita.

A urgência impõe-se com a história necessária para o diagnóstico como uma jurisprudência do tempo, em permanente exercício comparativo e fundamentos não de legitimação dos totalitarismos, mas de alerta, em condições de existência, das dificuldades económicas que influenciaram o aparecimento do fascismo. Fará 106 anos e continua latente. De forma autoritária os norte-americanos estão preparados para se posicionarem à frente de uma guerra económica que é a continuação da política por esses meios.

Interrompi por momentos a escrita para apreciar a minha neta de dedinho no ar a contrapor a educação com base na assepsia… Em breve, perguntará à avó se aquilo que o avô escreve é do tempo em que os Dez Mandamentos vigoram. A avó dará início à explicação propedêutica de que ainda lhe falta, à neta, a perspetiva política, até à idade da razão e amadurecimento da ideia de participação cívica e política. Na essência, “nem Deus, nem César, nem Tribuno”, o farão sozinhos.

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