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A única livraria da ilha do Pico, nos Açores, fechou no final de 2024, mas poderá reabrir em abril, apesar de os apelos aos apoios de entidades públicas não terem surtido efeito, segundo um dos proprietários.

“É uma mágoa muito grande saber que há, embora poucas pessoas, mas algumas que são leitoras fiéis da livraria, algumas poucas que vivem aqui na ilha e muitas outras que vêm habitualmente em trabalho ou em férias. Portanto, vamos fazer esse esforço de manter a livraria aberta”, adiantou, em declarações à Lusa, o sócio fundador da editora e da livraria Companhia das Ilhas, Carlos Alberto Machado.

Em setembro de 2024, Carlos Alberto Machado alertou para a possibilidade de a livraria localizada na vila das Lajes, na ilha do Pico, fechar portas, criticando a falta de apoios do Governo Regional e da autarquia local.

Depois de cinco anos de atividade, a livraria da Companhia das Ilhas, a única na ilha do Pico e nas ilhas vizinhas de São Jorge e Faial, encerrou mesmo em dezembro, apesar de alguns leitores mais fiéis continuarem a encomendar um ou outro livro por telefone.

Os dois proprietários da livraria, Carlos Alberto Machado e Sara Santos, decidiram “fazer mais um esforço para tentar manter a livraria aberta”, mas os apoios públicos não sofreram alterações.

“Quer o Governo Regional dos Açores, quer a Câmara Municipal das Lajes do Pico, mantiveram-se em absoluto silêncio quanto à possibilidade que era real e continua a ser, de certa maneira, de a livraria e a editora findarem atividade”, afirmou o sócio fundador.

Carlos Alberto Machado voltou a lamentar a falta de apoios públicos, sublinhando que “uma livraria não é um projeto comercial”, mas “um projeto cultural”, sobretudo em meios pequenos, onde faltam incentivos à leitura.

“Cumpre uma função social bastante larga, ainda por cima num conjunto de ilhas onde as bibliotecas também funcionam mal. Por exemplo, aqui a biblioteca está praticamente fechada. Tem um horário das 09:00 às 16:00, mas não tem atividades, não tem promoção da leitura, que é uma coisa importante”, salientou.

Numa ilha com menos de 14 mil habitantes, os proprietários da livraria reabrem portas na primavera, quando o número de visitantes começa a aumentar.

“O nosso público principal são pessoas que vêm à ilha visitar, ou em trabalho, ou em férias. Há um conjunto significativo de pessoas que não sendo naturais da ilha têm casa de férias e vêm sobretudo no período de primavera e verão”, disse Carlos Alberto Machado.

O horário de abertura está ainda dependente de a livraria conseguir encontrar um interessado para concorrer aos programas de estágio existentes na região.

Se isso não acontecer, o período de funcionamento terá de ser mais reduzido, segundo o sócio fundador.

“Somos duas pessoas e o facto de termos de ir para a livraria várias horas por dia prejudica imenso o trabalho da editora, que é a nossa atividade principal”, explicou.

Quanto à editora, criada em 2011, deverá manter o ritmo da atividade, com uma publicação, em média, de 30 títulos novos a cada ano.

“Vamos tentar reduzir custos, porque os preços de tipografia são complicados e temos custos acrescidos de envio de livros para o continente”, avançou Carlos Alberto Machado.

Para além de renovar coleções, sobretudo de poesia, com novos autores e novos títulos, a Companhia das Ilhas prevê iniciar em 2025 uma nova chancela com livros de escritores estrangeiros.

“Vamos fazer seis livros novos, sobretudo de traduções, algumas inéditas outras não”, revelou o editor.

Os primeiros três livros deste ano, de poesia, já estão impressos e serão lançados em fevereiro.

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