Antes do assunto da semana, há um aspeto importante a referir, sobre o caso do deputado da extrema-direita, constituído arguido por furto de malas. Apesar dos dados conhecidos serem bastante significativos, o deputado terá direito à sua defesa, garantida num Estado de Direito. Ora, isso é algo que o próprio – e a restante extrema-direita em que se insere – entende que deve negar a outros Cidadãos. Que não hajam dúvidas: de um lado está a barbárie e a extrema-direita, do outro estão os Direitos Humanos e a Democracia. Felizmente, são muitos mais os que estão com estes últimos.

Este assunto tem muito em comum com a eleição de Trump. Sobre esta, alguns dos aspetos mais importantes têm sido esquecidos. O primeiro é que, na falsamente chamada de maior democracia do mundo, há mais de um século que a vitória é garantida pelo apoio dos multimilionários. O segundo é que o sistema eleitoral está construído para que, mesmo contra a vontade popular, apenas dois partidos tenham eleitos. Assim se garante que pouco ou nada muda.

O declínio relativo do país foi tirando a relevância e o poder geopolítico e económico do passado. As potências emergentes adquiriram uma importância que impede o quero, posso e mando de tempos ainda recentes. O poder económico e político norte-americano lembra-se com saudade dos tempos em que impunha guerras, ditaduras e golpes de estado, com impunidade, em qualquer canto do globo. Hoje, das muitas tentativas que fazem para impor a sua vontade, apenas uma pequena parte tem sucesso.

O crescimento económico tem sido amargo: a maioria dos Trabalhadores só sobrevive acumulando empregos. Ainda assim, milhões destes vivem na pobreza e em condições desumanas. Ao mesmo tempo, de acordo com a Oxfam, havia, em 2024, 2769 multimilionários. Esta elite de privilegiados vive, sobretudo, nos EUA, em Inglaterra e em França, controla quase 70% da riqueza mundial e aumentou a sua riqueza em 5,7 mil milhões de euros por dia (7 vezes o PIB português).

No meio de todas as dúvidas, a História recente permite-nos ter duas certezas: nada disto mudará com o reinado de Trump, mas também não teria mudado se tivesse sido eleita Kamala Harris.

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