Nos tempos conturbados que vivemos, marcados pela incerteza económica, crises ambientais e um panorama social cada vez mais polarizado, a necessidade de existirem lideranças políticas sérias torna-se mais urgente do que nunca. Este conceito vai além da mera capacidade técnica ou do carisma: é uma questão de integridade, compromisso com o bem comum e competência para enfrentar desafios complexos e com visão de futuro.

A crise de confiança na classe política não é um fenómeno novo, mas tem-se intensificado nos últimos anos. Escândalos de corrupção, promessas eleitorais não cumpridas e uma perceção generalizada de desconexão entre eleitorado e a classe política, têm contribuído para um cenário de crescente descontentamento.

Na Europa e no mundo, assistimos à ascensão de figuras alternativas, muitas vezes provenientes de fora do espectro partidário tradicional. Embora a procura por estas alternativas seja compreensível, ela também evidencia um risco: a tendência para eleger lideranças baseadas mais na imagem do que em competências comprovadas. Este fenómeno é agravado pelo papel das redes sociais, que amplificam mensagens simplistas e populistas em detrimento de debates aprofundados sobre políticas e soluções.

É aqui que entra o papel fundamental dos líderes políticos. As lideranças devem pautar-se por um conjunto de qualidades, a meu ver, inegociáveis: a transparência, a competência, a empatia, a integridade e o compromisso com o futuro. Estas características tornam-se ainda mais relevantes num contexto em que os políticos adotam uma postura meramente reativa, respondendo às crises em vez de as prevenir. Uma liderança deve ser proativa, capaz de antecipar desafios e planear soluções.

A história oferece-nos exemplos de lideranças que encarnaram estas qualidades. Figuras como Churchill ou Mandela, ilustram o impacto de uma liderança baseada em visão, coragem e compromisso. Se quisermos ter em consideração um exemplo mais familiar, Ramalho Eanes terá sido, porventura, o maior exemplo de liderança serena e firme, que ajudou a consolidar a democracia em Portugal, num período de grande instabilidade.

A responsabilização por eleger lideranças sérias não recai apenas sobre os candidatos, mas também sobre os eleitores. A sociedade civil tem o dever de exigir mais dos seus representantes, participando ativamente no debate público e rejeitando discursos que apelem ao medo ou à desinformação.

Os meios de comunicação social também desempenham um papel crucial neste processo, ao darem espaço para análises sérias e informativas, em vez de promoverem a superficialidade ou o sensacionalismo. Uma imprensa verdadeiramente livre e independente é essencial para garantir que os cidadãos tenham acesso a informações confiáveis e que possam tomar decisões informadas.

Num mundo em constante mudança, a necessidade de lideranças políticas estáveis é um imperativo. Estas lideranças devem ser capazes de enfrentar os desafios do presente sem perder de vista o futuro, sempre com um compromisso inabalável com os valores democráticos e o bem comum. A responsabilidade é partilhada por todos: políticos, eleitores e sociedade civil. Afinal, é através desta colaboração que poderemos construir um futuro mais justo, sustentável e promissor. São estes os meus desejos para 2025.

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