O acordo entre a União Europeia e o Mercosul, anunciado este mês, deixará a Região e, em particular, os nossos Agricultores muito mais frágeis. Este acordo, que seria mais rigorosamente chamado de desacordo, está marcado por velhos erros políticos.
A liberalização do comércio esmagará os pequenos e médios Agricultores dos dois lados do Atlântico. Também não será novidade o agravamento da concentração da riqueza e das desigualdades sociais e económicas. Na política ambiental, o desacordo é caraterizado pelo incentivo à produção agrícola intensiva e superintensiva, pelo recurso abusivo a pesticidas e outros químicos que, por estas bandas, são proibidos, e por prejudicar a produção e o consumo locais. Ficam assim desmentidos os discursos de circunstância da desunião europeia com as alterações climáticas e o ambiente.
Da parte do governo regional, não se conhece qualquer ação que defenda os nossos Agricultores. Também não se conhece a avaliação do impacto na economia e na produção regional, ou quaisquer diligências para defender os nossos Agricultores. Será que ignoram o número de explorações agrícolas que têm encerrado, por não conseguirem suportar os custos de produção, ou o encerramento de fábricas e postos de recolha de leite? O mesmo é válido para o governo da república… E, como o passado nos mostra, quando os Agricultores Portugueses saem prejudicados, os Agricultores Açorianos saem duplamente prejudicados!
Surge, portanto, a questão: quem é favorecido com este desacordo? A resposta é simples: a Alemanha e a sua indústria automóvel, que tem nas portas abertas para um novo mercado a sua boia de salvação… Até a França viu, desta vez, os seus interesses económicos chutados para segundo plano. É o liberalismo político e económico no seu pior: quando a crise bate à porta, salve-se quem tenha poder para impor os seus interesses!
O acordo não entrará, de imediato, em vigor. Antes, há um processo a cumprir, durante o qual, previsivelmente, ficarão mais visíveis as contradições internas da união europeia. Para já, temos todos o dever de contestar um acordo que nos deixará mais frágeis e dependentes!