O dirigente do JPP/Açores, Carlos Furtado, considerou hoje que o presidente do Governo Regional não pode ser um “mero espetador” nas negociações de privatização da Azores Airlines, afirmando que o processo está “ferido de morte”.

Comentando em conferência de imprensa, realizada no concelho da Lagoa, na ilha de São Miguel, as recentes declarações do presidente do Governo dos Açores numa entrevista à RTP/Açores, o líder do JPP/Açores afirmou que José Manuel Bolieiro “não pode, nem deve, ser um mero espetador em todas estas negociações”.

“Tanto mais que, nesta fase, o processo está ferido de morte, uma vez que a única proposta de aquisição validada apresenta sinais claros de incapacidade para salvaguardar os interesses dos açorianos em matéria de mobilidade para fora da região, conforme advertência efetuada por parte do júri do concurso”, salvaguardou o dirigente, citado em nota de imprensa.

O presidente do Governo dos Açores confirmou na segunda-feira que a SATA e o consórcio Newtour/MS Aviation estão a negociar a privatização da Azores Airlines e adiantou que a região vai assumir a dívida da companhia aérea.

Em entrevista à RTP e Antena 1 dos Açores, José Manuel Bolieiro garantiu que o executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) “não está envolvido em negociações algumas”, mas confirmou que a administração da SATA está a negociar com o único consórcio admitido no concurso de privatização da Azores Airlines.

Carlos Furtado diz que vender parte da Azores Airlines “é apenas empurrar para a frente um problema”, com a agravante que o Governo dos Açores “perde a influência sobre a gestão da companhia, mas continua materialmente preso aos encargos que se vão verificar”.

O JPP/Açores entende que a privatização de parte da Azores Airlines “é a pior forma do Governo Regional encarar o problema de insustentabilidade da companhia, porquanto nenhum operador privado estará disponível a assumir o atual modelo de negócio da companhia, sem fazer profundos cortes na gestão de rotas e de recursos humanos”.

O Governo dos Açores anunciou, em 02 de maio, o cancelamento do concurso de privatização da Azores Airlines e o lançamento de um novo, alegando que a companhia estava avaliada em seis milhões de euros no início do processo e vale agora 20 milhões, negando que as reservas sobre o consórcio concorrente tenham pesado na decisão.

A decisão surgiu depois de, em abril, o júri do concurso público da privatização ter mantido a decisão de aceitar apenas um concorrente, admitindo reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour/MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia.

O consórcio candidato interpôs uma providência cautelar contra a decisão do executivo (que foi considerada improcedente pelo tribunal) e, em setembro, mostrou-se “preocupado com a incerteza e com a aparente inércia em torno do processo de privatização”.

 

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