A XV edição das “Conversas na Sacristia”, um projeto da Pastoral da Cultura da paróquia de São José, em Ponta Delgada, contou na quinta-feira com a participação de Carmo Rodeia, Diretora de Comunicação e porta-voz da Diocese de Angra. Durante a sua intervenção, a responsável destacou a necessidade de repensar o modelo de comunicação da Igreja para responder aos desafios da atualidade.
“As mudanças tecnológicas alteraram a relação entre os media e a sociedade, e isso desafia-nos a pensar a comunicação institucional de outra forma”, afirmou Carmo Rodeia, jornalista de 57 anos, que há 12 anos se dedica exclusivamente à informação religiosa e está à frente da comunicação diocesana desde janeiro de 2024.
A porta-voz sublinhou que o modelo tradicional de comunicação, centrado num ponto emissor, já não faz sentido. “Temos de voltar ao terreno, encontrar-nos com as pessoas e as suas histórias. Por detrás de números, como os da pobreza, há vidas que precisam de ser contadas”, disse, destacando que essa era a abordagem comunicacional de Jesus, cuja mensagem empática e revolucionária se dirigia diretamente ao coração das pessoas.
Carmo Rodeia abordou ainda a dificuldade dos media em dar espaço à espiritualidade. “Os media não têm tempo nem espaço para Deus, porque a sua natureza não permite a explicação deste grande mistério”, explicou, acrescentando que a própria Igreja, enquanto instituição, por vezes esconde o rosto misericordioso de Cristo.
Ao longo da conversa, salientou também que a comunicação da Igreja não se limita aos mass media e redes sociais, criticando o narcisismo e o exibicionismo que essas plataformas frequentemente favorecem. Em contrapartida, apontou as homilias, a liturgia bem celebrada e o sacramento da reconciliação como momentos privilegiados para comunicar a mensagem de Deus.
A diretora de comunicação referiu ainda dois casos de “boa imprensa” associados à Igreja: o Papa, pelo seu discurso imagético e empático, e o fenómeno de Fátima, que atrai multidões e gera fascínio.
As “Conversas na Sacristia”, promovidas pela pastoral da cultura da Igreja de São José, têm como objetivo evangelizar e refletir sobre a fé através da cultura, arte e ciência, promovendo um diálogo aberto com a sociedade contemporânea.