Sábado à tarde, no Pavilhão Carlos Silveira em Ponta Delgada, o Marítimo SC enfrentou mais do que um adversário em campo. A equipa açoriana parecia lutar contra um fado teimoso, que insiste em assombrar a sua campanha no Campeonato Nacional da 3ª Divisão, Zona Sul “B”. Frente ao Alcobacense, os insulares cederam a uma derrota amarga por 6-0, um resultado que não reflete apenas a superioridade dos visitantes, mas também as fragilidades que o tempo parece acentuar nos azuis da Calheta.
O jogo começou com promessas de equilíbrio, mas foi Thomas Molina cedo tratou de quebrar qualquer ilusão de uma noite feliz para o Marítimo. O camisola 7 do Alcobacense destacou-se como o maestro do ataque, abrindo o marcador aos 14 minutos e voltando a marcar pouco antes do intervalo. O 2-0 no descanso era um reflexo de uma equipa continental que sabia o que queria e de uma formação insular que, apesar da determinação, parecia perdida no enredo do jogo.
No regresso para a segunda parte, o treinador Júlio Soares tentou incutir nova energia nos seus jogadores, mas o que se viu foi o mesmo filme a repetir-se. A defesa do Marítimo abriu-se em tentativas desesperadas de reduzir a desvantagem, e o Alcobacense, astuto, aproveitou cada brecha. Marcelo Rocha, Nil Abreu e Manuel Neves juntaram-se ao espetáculo goleador, selando o resultado final de 6-0. Para piorar, João Silva e Octávio Zangheri “Kochi” desperdiçaram dois livres diretos, simbolizando uma noite onde nada parecia correr bem.
Os adeptos açorianos, fiéis e resilientes, assistiram incrédulos. O Marítimo averbou a sua sétima derrota, continuando como lanterna vermelha do campeonato. Sem vitórias e com apenas um empate, a temporada começa a desenhar-se como um desafio de resistência emocional para a equipa e seus apoiantes.
O Alcobacense, por sua vez, viaja de regresso ao continente com a moral elevada, somando a sua terceira vitória e ocupando a 9ª posição na tabela. Para o Marítimo, resta agora encarar os próximos desafios com a mesma esperança que leva os pescadores a enfrentarem o mar revolto. A 4 de dezembro, defronta o SC Tomar pela Taça de Portugal, seguido de uma dura viagem ao continente para enfrentar o líder CD Paço de Arcos.
O desporto, afinal, é feito de quedas e recomeços, e talvez no coração destas ilhas esteja o segredo para resistir e tentar novamente. Porque no jogo da vida — como no hóquei — o mais importante não é evitar as quedas, mas encontrar forças para levantar-se uma vez mais.
Andamento do marcador:
1.ª parte: Alcobacense abriu o ativo aos 17:43 por Thomas Molina, 2 – 0 Alcobacense aos 2:40 por Thomas Molina, resultado com que se foi para o intervalo.
2.ª parte: 3 – 0 Alcobacense aos 23:01 por Marcelo Rocha, 4 – 0 Alcobacense 20:57 por Thomas Molina, 5 – 0 para o Alcobacense 13:45 por Nil Abreu, 6 – 0 Alcobacense aos 13:06 por Manuel Neves
Ficha técnica do jogo:
Marítimo SC:
Cinco Inicial: GR Jan Marimón, Vílson Bartolotto, João Silva, Tiago Botelho e Octávio Zangheri “Kochi”.
GR Tiago Simões, Marco Resendes, Vicente Correia, Alexandre Resendes, Argentino Gostinho “Tino”.
Treinadores: Júlio Soares
Disciplina: Pedro Soares, advertência e cartão Azul e Fábio Larsen cartão azul.
A Alcobacense CD:
Cinco Inicial: GR Santinnno Facca, Paulo Passos, Thomas Molina, Matias Bernal, Miguel Fialho.
GR Miguel Graça, Marcelo Rocha, Nil Abreu, Manuel Neves, João Gomes.
Treinador:
Arbitragem de Rui Torres e João Silva, árbitros de Categoria B