O Governo dos Açores tenciona aplicar em 2025 um plano regional para apoio a pessoas sem-abrigo, para responder às situações que se verificam na região, sobretudo nas ilhas de São Miguel e da Terceira, foi hoje anunciado.

“Em 2025 vai ser lançado o primeiro Plano Regional para a Pessoa Sem-Abrigo”, disse hoje a secretária regional da Saúde e Segurança Social dos Açores, Mónica Seidi, indicando que terá “implementação direta” no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde a situação, influenciada pela toxicodependência, é mais acentuada.

A governante, que falava no 1.º encontro sobre “As Juntas de Freguesia enquanto suporte da comunidade: O seu papel no fenómeno dos comportamentos aditivos na Ilha de São Miguel”, promovido pela delegação dos Açores da Associação Nacional de freguesias (Anafre), explicou que a elaboração do plano para apoiar pessoas sem-abrigo partiu de um estudo efetuado pela Norma‑Açores – Sociedade de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento Regional, S.A.

O resultado apurado, indicou, dá uma base de trabalho para que seja “implementado em 2025 o primeiro Plano Regional para a Pessoa Sem-Abrigo”.

Segundo Mónica Seidi, o “estudo exaustivo” identificou 386 pessoas na região na condição de sem abrigo, “maioritariamente nas ilhas de São Miguel e na ilha Terceira” e que se trata de “um problema muito acentuado no concelho de Ponta Delgada”.

“Isto vai fazer com que haja aqui duas atuações. Numa fase imediata, uma implementação direta [do plano] no concelho de Ponta Delgada e, naturalmente, a nível regional também terão que ser tomadas medidas. Mas atendendo [a] que há uma emergência, e nós assumimos isso, no concelho de Ponta Delgado, será por aqui que este plano se iniciará”, disse.

A titular da pasta da Saúde e da Segurança Social no executivo açoriano de coligação PSD/CDS-PP/PPM, adiantou que no âmbito do estudo sobre pessoas sem-abrigo na região foram auscultadas 87 entidades com intervenção direta e indireta na problemática e entrevistadas 50 pessoas em situação de sem-abrigo e, ainda, 15 familiares que relataram a sua experiência.

“Também sem novidade, conseguimos perceber que toda esta problemática está fortemente associada a questões relacionadas com comportamentos aditivos”, disse.

Em relação aos comportamentos aditivos, Mónica Seidi referiu que deve ser feito trabalho no âmbito da prevenção, com a criação de equipas de prevenção (que ainda não existem em todas as ilhas), “mas que terão de ter uma ação concertada” com o Plano de Saúde Escolar.

“Temos em vigor um Plano Regional de Comportamentos Aditivos que terá de ser renovado já no próximo ano, que já está em fase final de conclusão para ser lançado atempadamente, porque, no âmbito também daquilo que é o Plano Regional de Saúde 2030, este é um programa considerado prioritário, porque também, de forma muito franca e sincera, o Governo Regional assume que a Região Autónoma dos Açores tem aqui um problema”, afirmou.

Na sua opinião, “nunca se falou tanto de toxicodependência como se tem falado nesta legislatura”, o que “também demonstra evolução, alguma maturidade e uma assunção deste problema, como o problema da sociedade e da Região Autónoma dos Açores”.

“Acho que temos todos a responsabilidade de ter uma ação consequente, pelo menos, ou na inversão desta tendência, que tem sido crescente ou até mesmo a continuar a reduzir algumas das problemáticas que são cada vez mais emergentes”, acrescentou.

Mónica Seidi considerou ainda que a temática da toxicodependência “não deve ser nunca utilizada como arma de arremesso político” e defendeu que todas as entidades abrangidas devem “trabalhar em rede”.

A terminar, disse que registou a disponibilidade e a vontade dos presidentes das Juntas de Freguesia dos Açores para que na região seja dada uma resposta diferente daquela que existe atualmente.

 

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