Donald Trump está de volta à Casa Branca. A vitória, goste-se mais ou menos da personagem, é histórica. Trump repete o feito de Grover Cleveland alcançado há 132 anos, isto é, voltar à Presidência após uma derrota. A vitória foi inequívoca.

Trump aumentou significativamente a votação na maioria dos estados tradicionalmente republicanos; ganhou em quatro dos chamados estados decisivos (Carolina do Norte, Geórgia, Pensilvânia e Wisconsin), sendo que está na frente da contagem nos outros três (Nevada, Arizona e Michigan); ganhou no voto popular global (atualmente a diferença está em cerca de 5 milhões de votos); ganhou o Senado e tudo aponta para uma vitória republicana também na Câmara dos Representantes.

Portanto, a vitória de Trump é total. E, ao contrário da narrativa que paira em muitas estúdios de televisão e demais órgãos de comunicação social, a Democracia não perdeu. A Democracia ganhou. É assim sempre que as pessoas votam livremente.

Os Americanos pronunciaram-se livremente. E fizeram-no num determinado sentido. Mais de 71 milhões de eleitores (51%) depositaram o seu voto em Donald Trump! A opção foi pela mudança. Esta opção, pelo menos da minha parte, não me deixou surpreendido. Trump era o favorito.

A avaliação do mandato do Presidente Biden, a acreditar nos estudos de opinião, era negativa. Kamala Haris, Vice-Presidente de Biden, também estava incluída nessa avaliação.

Kamala entrou em cena a cerca de 4 meses das eleições. Tarde, muito tarde! Trump “anda nisto” desde, pelo menos, 2016. Trump, num estilo muito próprio e que roça quase sempre o insulto aos seus adversários, andou a campanha toda à volta de três assuntos: economia (inflação); imigração e segurança (criminalidade). Kamala Haris, por estar ligada ao mandato de Biden, teve de optar por outros temas. Procurou, por isso, enveredar a maior parte do tempo por temas fraturantes. A interrupção voluntária da gravidez foi o tema onde colocou a maioria das fichas. As demais fichas foram, quase todas, colocadas na defesa da democracia. Esta estratégia foi fazendo o seu caminho. O debate, sem ser uma grande vitória e muito menos um KO, foi favorável a Kamala Haris.

O financiamento da campanha, sempre em crescendo e muito superior ao conseguido pelos republicanos, era um sinal muito animador para Kamala Haris. Os apoios das estrelas também iam animando, cada vez mais, o campo democrata. Os disparates e uma verdade muito própria de Trump, também, iam dando força a Kamala Haris.

As sondagens, principalmente na reta final, deixavam boas perspetivas e até, como foi o caso de uma referente ao estado do Iowa, pareciam apontar para uma possível vitória de Kamala Haris.

A Europa, conforme era visível na quase totalidade das declarações dos responsáveis políticos, esteve sempre em campanha pró Kamala Haris. Por cá, para quem segue diariamente os canais noticiosos, com uma ou outra exceção, a isenção e demais princípios jornalísticos foi chutada para canto.

Acontece que, em Democracia, o Povo é sempre soberano. A decisão não é tomada pela linha editorial dos jornais, nem pelos incontáveis comentadores políticos, nem pelas superestrelas do mundo do desporto ou da música ou de Hollywood, nem pelos multimilionários (a maioria estavam com Kamala Haris), etc…

A decisão é, sempre, do eleitor anónimo. Esse eleitor, como todos sabemos, ainda que poucos o tenham dito abertamente, vota essencialmente de acordo com a sua carteira. E esta, pelos indicadores que chegavam do outro lado do Atlântico, estava a ficar vazia cada vez mais rápido.

É por aqui, de forma simplista, que se explica a opção de milhões e milhões de eleitores anónimos. E não, o mundo não vai acabar! E a Democracia também não! God Bless America!

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