A Diocese de Angra, nos Açores, concluiu a fase diocesana do seu primeiro processo com vista à beatificação de uma açoriana, Maria Vieira da Silva, que faleceu a 05 de junho de 1940.
Maria Vieira da Silva, uma jovem terceirense de 13 anos, era natural da paróquia de São Sebastião.
Segundo informação disponibilizada no sítio na Internet Igreja Açores, da Diocese de Angra, a história de Maria Vieira “era em tudo semelhante à de Maria Goretti, uma menina Italiana de 12 anos que no final do século XIX perdeu a vida a defender a sua virgindade e que, sete anos após a morte de Maria Vieira, foi beatificada pelo papa Pio XII, que haveria de a canonizar Santa Maria Gortetti em 1950”.
“Tal como a nova santa italiana, também Maria Vieira perdeu a vida a defender-se de um agressor”, falecendo a 05 de junho de 1940.
Hoje realizou-se na ilha Terceira a sessão de clausura com uma conferência do investigador Ricardo Madruga da Costa, membro da Comissão Histórica que juntou os testemunhos e a documentação relativa ao processo, que está pronto para seguir para Roma, para ser entregue no Dicastério das Causas dos Santos.
Intervindo na sessão, o bispo de Angra, Armando Esteves Domingues, que será o primeiro a enviar para Roma um dossier de beatificação instruído na diocese, disse que hoje foi selada a conclusão solene da fase diocesana de um processo que “já vem de longe”.
Em fevereiro de 2018, o bispo de Angra, D. João Lavrador, deu luz verde ao início do processo de beatificação e canonização de Maria Vieira da Silva, “uma adolescente de quem, logo após a sua morte, começou a correr a fama de santidade. É sempre assim que começam os processos. Compete à Igreja averiguar, nomeando pessoas idóneas”, sublinhou Armando Esteves Domingues.
O bispo de Angra sustentou que, em dia de Todos os Santos, “torna-se ainda mais significativa” a cerimónia de encerramento do processo diocesano para a beatificação de Maria Vieira.
Armando Esteves Domingues lembrou que antigamente somente o Papa podia promover uma causa de canonização, mas, atualmente, os bispos “têm autoridade para isso”.
Mas, assinalou, é um trabalho que implica uma investigação feita “minuciosamente”.
“Tratando-se de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram a sua morte para comprovar se houve realmente o martírio”, referiu o bispo de Angra, explicando que o segundo processo é o milagre da beatificação.
Segundo a Diocese de Angra, depois de concluída a fase diocesana, o processo segue para Roma, para o Dicastério das Causas dos Santos, onde será estudada a documentação e poderão ser avaliadas e reconhecidas as suas virtudes heróicas, primeiro passo para a beatificação. Se o fundamento para o processo for o facto da jovem ser mártir poder-se-à dispensar a prova da existência de milagre, passando de Venerável, primeiro passo da fase romana, para Beata.
O bispo de Angra realçou o trabalho de todos os que “assumiram as tarefas necessárias para recolher e registar documentação e testemunhos sobre a vida, as virtudes, a fama de santidade, em particular, e as graças, em geral” de Maria Vieira.
“Quero agradecer também aos leigos, aos Conselhos Pastoral e Económico de São sebastião e aos cristãos anónimos que sempre alimentaram este sentir comum da santidade de Maria Vieira e nunca desistiram de prosseguir este objetivo, também angariando fundos para a causa”, frisou.
Para o bispo de Angra, o momento e o dia de hoje “serve para aprofundar o que significa este chamamento à santidade que é feito a todos os cristãos já desde o batismo”.
O processo teve como promotor inicial o pároco de São Sebastião, Domingos Graça, e como postulador da causa Manuel Carlos Alves, atual Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.