As reitorias das universidades da Madeira e dos Açores vão atualizar um estudo feito pelos anteriores reitores para exigir ao Governo da República o aumento do financiamento do Estado às duas instituições de ensino superior, foi hoje anunciado.

Falando na sessão solene de abertura do ano académico 2024/2025 da Universidade da Madeira (UMa), que decorreu no auditório da reitoria, no Funchal, o reitor da UMa destacou as qualidades da instituição, mas também reiterou as dificuldades sentidas, nomeadamente aquilo que considera ser o subfinanciamento da universidade.

“Como bastas vezes tenho referido, tem de haver uma forma de assegurar as condições para que a Universidade da Madeira obtenha o lugar que mercê, não só porque esse é o seu desígnio, mas também a função de contribuir para o desenvolvimento sociocultural, económico e científico da região autónoma”, afirmou Sílvio Fernandes.

De acordo com o responsável, um estudo efetuado pelos anteriores reitores das universidades dos Açores e da Madeira, João Gaspar e José Carmo, respetivamente, concluiu que “o financiamento para compensação dos sobrecustos e insularidade e de não obtenção de ganhos de escalas, representaria cerca de 30% do orçamento base da instituição”.

Esse estudo, acrescentou, será atualizado pelas duas reitorias para ser submetido ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação, que, no seu entender, tem demonstrado “vontade efetiva” em resolver os problemas da universidade.

“Numa fase em que as regiões autónomas e o Governo Central estão a negociar a Lei das Finanças Regionais e, sendo fiéis à convicção que sempre nos norteou, volto a insistir na necessidade de, nesse âmbito, se inscrever uma fórmula de compensação para este efeito”, reforçou Sílvio Fernandes.

A UMa é das universidades “que tem uma maior procura de estudantes”, posicionando-se em quarto lugar no ‘ranking’ das universidades públicas portuguesas, realçou o reitor, lamentando os “constrangimentos que a impedem de dar uma resposta positiva à maioria dos candidatos que colocaram a Universidade da Madeira em primeira opção”.

“Os tempos são, no entanto, de crença e esperança na resolução dos nossos problemas e, fundamentalmente, na continuação da linha de progresso da Universidade da Madeira”, afirmou.

O reitor, que termina o mandato em abril de 2025,De destacou também que a instituição registou “novamente um ano excelente de novas inscrições” (1.501, mais 19 em relação ao ano letivo anterior).

Sílvio Fernandes salientou a importância dos programas nacionais ‘Alojamento Estudantil Já’, que permitirá a criação de mais 20 camas, e o programa de cheques psicólogo/nutricionista que prevê para este ano letivo 494 consultas de nutrição e 988 de psicólogo, “num montante total máximo de apoio de 52 mil euros”.

Destacou igualmente os diversos apoios sociais dados aos alunos e a requalificação de dois edifícios para habitação estudantil, bem como a construção de uma nova residência universitária, na freguesia de São Roque, que deverá estar concluída em março de 2026.

O reitor da Universidade da Madeira abordou ainda o tema da Inteligência Artificial (IA), adiantando que, em conjunto com o Governo Regional, vai iniciar um programa de formação e desenvolvimento com o objetivo de colocar a região autónoma “na linha do que melhor se faz em IA”.

Sílvio Fernandes defendeu, por outro lado, que a Madeira precisa de “ver aumentada a percentagem do seu PIB [Produto Interno Bruto] em Investigação e Desenvolvimento” dos atuais 0,5% para “pelo menos 1%”.

O presidente da Associação Académica da Madeira, Ricardo Bonifácio, apontou, por seu lado, os principais problemas e preocupações para o ano letivo que agora se iniciou, referindo, entre outros aspetos, o abandono precoce do ensino superior por parte dos estudantes, as questões de saúde mental e a falta de alojamento para os alunos deslocados.

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