O presidente do PSD e primeiro-ministro prometeu hoje uma nova Lei de Finanças Regionais que garanta “justiça e previsibilidade”, defendendo que os executivos de Açores e Madeira não têm de esperar pela condescendência da República.
“Este é o nosso caminho. É o caminho da sustentabilidade financeira que queremos que seja plasmada numa nova Lei de Finanças Regionais, que estamos já hoje a trabalhar junto dos governos, que dê justiça e previsibilidade”, revelou Luís Montenegro, que falava no Pavilhão do Mar, em Ponta Delgada, na sessão de encerramento do 26º. Congresso do PSD/Açores.
Montenegro defendeu que as transferências para as regiões autónomas devem estar assentes em “regras previsíveis, independentemente da força política” que esteja na liderança do Governo da República.
“Os governos regionais não têm de estar sempre à espera de ter um Governo da República mais ou menos condescendente com aquilo que são as revindicações. Não. Um pais justo deve ter as regras bem fixadas”, insistiu.
O também primeiro-ministro anunciou a realização de uma cimeira entre os governos da República, dos Açores e da Madeira.
“Vamos fazer uma cimeira, brevemente, com os três governos sentados à mesa apara resolver os problemas das pessoas”, avançou.
Montenegro classificou o PSD como o “partido mais autonomista do espetro político português” e garantiu que os sociais-democratas vão estar na “linha da frente” do “aprofundamento das competências regionais”.
“Não há exercício de poder autonómico sem fontes de financiamento, sem capacidade de executar. Não vale a pena. Também não somos líricos”, reconheceu o líder nacional social-democrata.
Antes, o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, alertou que é “inaceitável” as regiões estarem a “pagar os custos da soberania nas ilhas” e pediu justiça para os Açores e Madeira.
“Não estamos aqui para pedir coisas. Nós não estamos aqui para pedir dinheiro. Recuso-me a entrar nessa contabilidade. Sou português de corpo inteiro, como qualquer um de nós nas ilhas. Nós temos o direito a ser tratados num quadro onde o Estado tem de assumir o princípio da coesão económica e social”, alertou.
Miguel Albuquerque defendeu que é preciso lembrar a importância das autonomias regionais a um “conjunto de incultos políticos, vulgo carapaus de corrida da contabilidade”, e apelou aos responsáveis nacionais do partido para colocarem a “questão das autonomias” no “centro da agenda política”.
“Queria dizer ao senhor presidente do PSD e primeiro-ministro que eu posso ser chato. Eu posso falar grosso. Mas tenha cuidado não que aqueles que falam de frente e dizem aquilo que deve ser, mas tenha cuidado com aqueles que não dizem nada”, alertou.
E acrescentou: “Nós não somos autarquias. Nós não somos um resíduo do regime. Nós somos uma estrutura politica democrática para a construção de Portugal no atlântico. Quem não entende isso, vale a pena sair da politica.”