Comecei a trabalha em televisão aos 20 anos. Sou do tempo do canal único nos Açores, em boa verdade, para sete ilhas, pois Flores e Corvo recebiam o sinal hertziano em condições muito deficientes, só melhoradas quase uma década depois.
Apesar de estudante na Universidade dos Açores, tive de permanecer largo tempo em Lisboa, a fazer um curso de produção informativa, num período que coincidiu parcialmente com as atividades académicas. E digo isto porque aquele curso, com módulos de edição de vídeo, áudio e realização, entre outros, integrava também técnicas de apresentação – a língua portuguesa a cargo de Edite Estrela, que nessa altura mantinha um programa de grande audiência no Canal Um, e leitura de teleponto, pelo saudoso Fernando Pessa, ainda hoje lembrado pela sua peculiar expressão “e esta, hem?”.
O equipamento de teleponto veio equipar os estúdios da RTP/Açores alguns meses depois. Foi uma novidade que mudou muito o estilo de apresentação dos programas informativos e até mesmo as intervenções dos locutores de continuidade que anunciavam a programação para a noite e dias seguintes.
Não tardou nada para o novo equipamento, batizado de “papagaio”, se atravessar no trabalho dos jornalistas de serviço no telejornal e programas desportivos, como era o meu caso, ora desligando, correndo o texto com furiosa velocidade ou outros imprevistos que tinham de ser resolvidos em direto. E se a máquina falhava, só o texto em papel nos salvava de uma valente gafe.
Nem sempre.
Também domingo o teleponto de Francisco César foi traiçoeiro. Ficou aos papéis.