Os serviços domiciliários médicos da Unidade de Saúde da Ilha Terceira, nos Açores, terão sido hoje cancelados por falta de viaturas, já que a maioria se encontra avariada, denunciou o deputado único da Iniciativa Liberal na região.

“Os serviços domiciliários [médicos] foram todos cancelados no dia de hoje, devido à falta de viaturas. As viaturas estão avariadas, em reparação, inclusivamente a empresa reparadora emprestou viaturas à Unidade de Saúde da Ilha Terceira”, avançou, em declarações à Lusa, o deputado da IL nos Açores, Nuno Barata.

Segundo o parlamentar liberal, das 12 viaturas existentes na Unidade de Saúde da Ilha Terceira, apenas quatro estão a funcionar, duas no Centro de Saúde de Angra do Heroísmo e duas no Centro de Saúde da Praia da Vitória.

Os domicílios de enfermagem foram assegurados, mas aos médicos terá sido pedido que utilizassem viaturas próprias e as deslocações acabaram por não se realizar.

“É uma situação que revela um descontrolo e um desnorte total na área da Saúde e que nós não podemos escamotear”, acusou Nuno Barata.

O deputado da IL disse ainda ter tido conhecimento de que outros serviços do Governo Regional, na mesma ilha, nomeadamente da Agricultura, do Ambiente e da Segurança Social, terão cedido viaturas à unidade de saúde “para garantir parte destes domicílios que eram urgentes”.

Segundo Nuno Barata, a degradação do parque automóvel das unidades de saúde é “transversal a todas as ilhas dos Açores” e “revela o pouco investimento e o pouco cuidado que foi dito ao longo dos últimos quatro anos” pelo atual executivo açoriano (PSD/CDS/PPM).

“O novo paradigma de governação infelizmente tem deixado os Açores e os açorianos numa situação lastimável, principalmente ao nível da Saúde, da Educação e até ao nível de alguns serviços”, acusou.

Para o parlamentar, que é também coordenador da IL nos Açores, a coligação PSD/CDS/PPM, que governa a região desde 2020, já podia ter investido na frota das unidades de saúde.

“Houve mais que tempo, houve mais que dinheiro e houve várias soluções. Tivessem cortado nalgumas gorduras, não tivessem aberto os cordões à bolsa para ganhar votos com algumas áreas profissionais e provavelmente teriam tido verbas disponíveis para fazer face àquilo que era preciso ser feito”, apontou.

O Orçamento da Região para 2024 só foi aprovado em maio, porque a anterior proposta foi chumbada em novembro e as eleições foram antecipadas para fevereiro.

Nuno Barata considerou, no entanto, que “a não existência de um orçamento não serve de desculpa”, nem o incêndio que afetou o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, em maio.

“Isto é mesmo incompetência. É incompreensível da nossa parte, inadmissível, mesmo, que esse tipo de situações continuem a acontecer nos Açores”, frisou.

“É preciso mais competência, é preciso mais dedicação aos setores da Saúde e da Educação e é preciso, acima de tudo, que deixem de fazer politiquice e passem a fazer política a favor dos cidadãos, sob pena de vermos os populismos e os de totalitarismos crescerem cada vez mais por desalento das pessoas, que não veem os seus principais problemas acudidos a tempo e a horas”, rematou.

A Lusa tentou obter uma reação da Secretaria Regional da Saúde dos Açores e da Unidade de Saúde da Ilha Terceira, sem sucesso até ao momento.

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