O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) esclareceu hoje que o acordo que levou à desconvocação da greve dos trabalhadores de terra da SATA foi aquele que negociou com a empresa no mês de julho.
Numa nota enviada à agência Lusa, a direção do SITAVA refere que, na reunião de quinta-feira entre este sindicato, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) e a administração da SATA, “não foi assinado qualquer outro acordo”.
“O SINTAC foi obrigado a assinar o acordo negociado pelo SITAVA no passado mês de julho”, esclarece.
Também salienta que os trabalhadores “irão ter uma evolução salarial em 2025”, já prevista no acordo subscrito pelo SITAVA, e que, por proposta da empresa, a reunião foi aproveitada para aprovar “o complemento salarial para os anos de 2025 e 2026”.
O vice-presidente do SINTAC, Filipe Rocha, disse à Lusa na sexta-feira que o acordo que levou à desconvocação da greve dos trabalhadores de terra da SATA é “suficientemente robusto” e envolveu cedências de parte a parte.
“Embora não tenhamos visto todas as nossas reivindicações acolhidas, o acordo é suficientemente robusto para ser acolhido pelos trabalhadores”, avançou.
Hoje, em comunicado, o SITAVA explica que “assinou, no passado dia 17 de julho, um acordo que abrangeu todos os trabalhadores de terra do grupo SATA”.
“Tendo em mente o estado de degradação da situação financeira do grupo, foi este o acordo que, responsavelmente, assinámos. Este acordo que pretendeu repor o poder de compra delapidado pela elevada e persistente inflação dos últimos anos, já está a ser pago aos trabalhadores. Cumulativamente com esta atualização salarial, a empresa, para fomentar a assiduidade, acedeu a pagar também, um complemento por dia efetivo de trabalho”, acrescenta.
Refere ainda que “um dos outros sindicatos minoritários que representam uma pequena parte dos trabalhadores de terra, neste caso o SINTAC, abandonou a mesa negocial e numa postura completamente irresponsável decidiu exigir à empresa uma evolução salarial de cinco níveis nos salários (exatamente cinco níveis) que, a ser aplicado, aumentaria os salários em mais de 50% e obviamente, no curto prazo destruiria objetivamente a empresa”.
“Como a empresa não podia ceder, este sindicato decretou uma greve de um mês (exatamente um mês), portanto uma irracionalidade inacreditável”, sublinha.
E prossegue: “Perante a irredutibilidade desse sindicato, o conselho de administração transferiu o conflito” para a Direção Regional do Trabalho, que “convocou as partes em conflito para uma reunião e convidou o SITAVA para participar e intervir se o entendesse”.
Segundo a direção do SITAVA, o resultado da reunião “demonstra, claramente, que esse sindicato teve ‘entrada de leão e saída de sendeiro’, entrou a exigir cinco níveis salariais e saiu de lá sem nada”.
O SINTAC tinha anunciado em 28 de agosto uma greve dos trabalhadores de terra da SATA, entre 13 de setembro e 13 de outubro, acusando o conselho de administração da empresa de não querer chegar a acordo.
Na quinta-feira, por volta das 23:00, foi anunciada a desconvocação da greve após ter sido alcançado um acordo entre a companhia área e as estruturas sindicais.
Na sexta-feira, o secretário-geral do SITAVA, Paulo Duarte, contactado pela Lusa, lembrou que aquele sindicato não tinha nenhum contencioso com a empresa, uma vez que o acordo firmado entre a SATA e aquele sindicato está a ser cumprido.
O dirigente, contudo, mostrou-se satisfeito por ter sido possível alcançar um acordo que garante a paz social na empresa.
“O acordo, que se estenderá até 2026, resultou num formal assumido por todas as partes e permitiu a desconvocação da greve anunciada para os dias 13 de setembro a 13 de outubro de 2024, bem como a greve ao trabalho extraordinário igualmente decretada”, pode ler-se num comunicado enviado na quinta-feira pela SATA e assinado pelo grupo de aviação e pelos dois sindicatos.