Os deputados da coligação PSD/CDS-PP/PPM eleitos pela Terceira, Açores, acusaram hoje o PS de “falta de bom senso” e de “aproveitamento político” em relação às obras numa estrada daquela ilha onde houve uma derrocada.

“As imagens comprovam que o local está com uma perigosidade muito elevada. A prioridade do Governo Regional tem sido a segurança das pessoas. E achamos que é uma falta de bom senso da parte do PS tentar fazer aproveitamento político de toda essa questão”, afirmou o deputado do PSD/Açores e vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata açoriano, Paulo Gomes, numa conferência de imprensa junto ao local.

Desde 14 de janeiro que a estrada principal entre as freguesias da Serreta e Raminho, no concelho de Angra do Heroísmo, está encerrada, devido a uma derrocada provocada por um sismo de 4,5 na escala de Richter, inserido na crise sismovulcânica em curso na ilha Terceira desde junho de 2022.

Na sexta-feira os dirigentes do PS da ilha Terceira acusaram o Governo dos Açores (PSD/CDS/PPM) de “inação” e “desconsideração” pela população, por ter demorado oito meses a avançar com as obras de limpeza da estrada.

“Levaram cerca de oito meses para fazer uma intervenção de limpeza e remoção das pedras no troço que liga o Cabo do Raminho à Mata da Serreta, quando desde que houve a crise sísmica foi algo que a população exigiu e as circunstâncias de há oito meses se mantêm exatamente iguais”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o deputado do PS eleito pela ilha Terceira Luís Leal, numa conferência de imprensa, junto ao local.

O deputado socialista acusou o executivo de “completa desconsideração” e de tentar iludir a população, porque as obras arrancaram nas vésperas da peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na freguesia da Serreta.

Luís Leal rejeitou ainda que o chumbo do Orçamento da região para 2024, motivo da realização de eleições antecipadas, em fevereiro, seja uma justificação para o atraso nas obras.

Hoje numa conferência de imprensa os deputados da coligação PSD/CDS-PP/PPM eleitos pela ilha Terceira criticaram as declarações socialistas, sublinhando que “a prioridade do Governo Regional tem sido a segurança das pessoas e a salvaguarda da vida humana”.

“Esta tem sido a grande prioridade do Governo Regional da qual os partidos da coligação subscrevem na íntegra”, vincou o deputado do PSD/Açores Paulo Gomes.

O deputado açoriano disse que o PS foi “durante 24 anos alertado pelas Juntas de Freguesia e pela população para o perigo” na estrada do Raminho, mas “nada foi feito”.

Paulo Gomes destacou a ação do Governo Regional de coligação nesse processo da estrada, realçando que “está tudo a decorrer nos timings corretos”.

“Todos nós querermos que as coisas se revolvam muito rapidamente, mas nem sempre é possível. E, reitero: quem vem ao local pode comprovar que realmente é uma situação de grande perigo para as pessoas e o Governo Regional tem dado prioridade à salvaguarda da vida das pessoas e à segurança”, reforçou o vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata açoriano.

Relativamente à via alternativa àquele troço, o parlamentar realçou que o Governo Regional “tem tido a preocupação de melhorar” a sinalização e o piso da estrada, rejeitando criticas do PS, que alegou que oito meses depois da derroca “continua por asfaltar, por ter luz e por melhorar”.

“Também achamos uma demagogia atroz falar da iluminação. E, é falso que as pessoas têm de fazer demoram mais do que uma hora e meia para percorrer a estrada, porque bastam entre 10 a 15 minutos”, apontou.

Paulo Gomes admitiu não ser a situação “ideal”, mas lembrou o panorama atual com a ocorrência diária “de muitos sismos”.

Mas, acrescentou o deputado, “esse processo deve ser bem gerido”, tendo em conta a salvaguarda da vida humana e a segurança das populações, e nessa matéria “o Governo Regional tem sido exímio”.

Quanto às criticas do PS, que acusou o executivo de ter demorado oito meses para avançar com as obras de limpeza da estrada, o parlamentar lembrou que quando ocorreu a grande derrocada na via os Açores estavam “em campanha eleitoral devido ao chumbo do orçamento regional que foi promovido pelo PS e BE”.

O Governo Regional lançou, em 26 de julho, o concurso para a conceção e construção da reabilitação do talude, que apresenta “sinais de instabilidade”, por um valor base de quatro milhões de euros.

Entretanto, o executivo adjudicou uma empreitada de desmatação e desmonte de rochas em talude, por cerca de 363 mil euros, que se iniciou na quarta-feira, por um período de 45 dias.

“Sem prejuízo de uma intervenção mais estrutural na estrada em causa, tornou-se necessário avançar desde já com uma contratação de emergência devido ao aumento significativo da atividade sísmica no perímetro do vulcão de Santa Bárbara, acompanhado de sinais de deformação radial, o que aconselha à abertura da via, para efeitos de criação de alternativas de acesso”, justificou o Governo Regional, em comunicado.

O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou, no dia 27 de junho, o nível de alerta do vulcão de Santa Bárbara, para V3, numa escala de 0 a 6, em que 3 significa a confirmação da reativação do sistema vulcânico.

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