O termo populismo, refere-se a um estilo de política que se baseia no apelo direto às massas, onde, ininterruptamente, coloca o povo em posições antagónicas face a uma elite política percebida como corrupta ou desconectada.

Os políticos, através das suas iniciativas populistas, tendem a enfatizar a necessidade de devolver o poder ao povo, frequentemente simplificando questões de carácter complexo e propondo soluções simplistas e diretas que vão ao encontro dos sentimentos e frustrações populares.

Mas porquê insistir no tema do populismo nesta altura? A resposta parece-me clara. O líder do Executivo nacional, Luís Montenegro, deslocou-se, de lancha, ao local da queda do helicóptero de combate a incêndios, no Douro, numa altura crítica em que decorria o processo de buscas pelos militares da GNR desaparecidos.

Na minha ótica, o chefe do Governo, Luís Montenegro, não deveria ter estado presente no teatro de operações naquele momento. Não tenho dúvidas de que o terá feito com intenção de cumprir a sua obrigação de representar o Governo da República Portuguesa, contudo, não me parece ter sido a escolha adequada para enaltecer o trabalho de todas as instituições e dos seus responsáveis. Há formas mais criteriosas e, consequentemente, menos mediáticas de acompanhar os trabalhos e desempenhar a sua função, ou seja, o mais adequado seria, por exemplo, assistir desde uma perspetiva periférica aos trabalhos no terreno. A presença das principais figuras do Estado, por mais bem-intencionada que possa ter sido, prejudicam mais do que ajudam.

Se, ainda, puxarmos o filme atrás e olharmos para aquilo que aconteceu em Pedrogão Grande, o relatório da Comissão Técnica Independente ao incêndio indicou que, a presença no terreno do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, provocou um excesso de aparato no posto de comando e, consequentemente, perturbou as operações naquela localidade. Recorde-se que Marcelo, à data, foi das primeiras individualidades a chegar ao terreno.

Pede-se mais aos políticos. Não vale tudo por um voto. Montenegro tentou passar uma imagem de força e de coragem, mas acabou a fazer uma triste figura que em nada o enalteceu junto daqueles que representa. O acompanhamento daquele flagelo deveria ter sido convenientemente planeado, sem interferência direta e sem focar a atenção mediática nacional na figura do Primeiro-ministro.

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