Durante uns anos fui o Docente responsável pela Unidade Lectiva de Relações Económicas Internacionais no Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, hoje chamado ISEG, no programa desta cadeira fazia constar sempre um capítulo com a teoria económica associada ao Small is Beautiful ou da Importância de não se Importante, e sempre com a cabeça nos Açores, cheguei inclusivamente a publicar em Revistas da especialidade este tema e com ensaios aplicados aos casos Português e dos Açores.

Numa economia aberta, em concorrência, globalizada, a regra da eficiência na produção dos produtos e sua comercialização é regulada pelas economias de escala, isto é, produzir mais e a custos unitários mais baixos, esta é a solução que alimenta e sustenta a procura nos mercados domésticos e principalmente internacionais. No entanto, existem determinados produtos que pela sua origem, especificidades, condições em que são produzidos, qualidade, e dimensão da sua produção, fogem à lógica das produções das economias de escala, e conseguem no mercado serem vendidos a preços superiores aos produtos congéneres produzidos nas economias de escala, em parte isto é explicado pelo facto dos produtos produzidos nas economias do Small is Beautiful não terem força/dimensão para alterarem os preços de mercado, sendo assim são “tolerados” pelas grandes produções que em regra determinam os preços de mercado, embora as grandes superfícies presentemente também tenham um papel determinante neste jogo e a estas também lhes interessa estes produtos diferenciados, por terem também procura e notoriedade.

Em síntese, os Açores não tem dimensão para jogarem nos mercados das grandes economias de escala, e só podem ganhar um lucro normal e extraordinário se forem para uma especialização nos produtos diferenciados e de qualidade, se isto é verdade em termos regionais, aplica-se por maioria de razões às chamadas ilhas pequenas, que tem produtos de elevada qualidade como são as meloas de Santa Maria, e da Graciosa e nos Queijos, com uma referência especial ao queijo de Ovelha de Santa Maria, mas existem outros produtos e em várias ilhas. Com o Turismo as exportações dos Açores ganham uma nova dinâmica e características, já que este sector é considerado um sector exportador, é como que exportar mas cá dentro para os nossos 9 mercados, razão porque é com uma grande expectativa que se aguardam os resultados finais baseados num Estudo que o Governo dos Açores encomendou para os transportes marítimos de mercadorias, incluindo os inter ilhas, já que as acessibilidades nunca foram tão importantes como agora, tendo sempre presentes que os Açores são constituídos por 9 ilhas e que não se resolve o grave problema Demográfico que nos está a atingir, sem educação, sem economia e sem acessibilidades eficientes, sendo que nenhuma ilha pode ficar de fora, já que somos demasiadamente pequenos para nos darmos a este luxo.

Termino contando uma pequena história de vida que há muitos anos aprendi perto de Sevilha em Espanha, ao parar num café para tomar o pequeno-almoço, o empregado nem me perguntou o que eu queria, trouxe de imediato para a mesa, sumo de laranja, vinho, pão e 2 boiões, um com azeite e outro com uma banha de porco com alguns condimentos, rapidamente questionei o senhor que me serviu, tem manteiga?, a que ele me respondeu, “estes são os produtos da nossa Região: laranjas, vinha, trigo, porcos e oliveiras, se o Sr pretender manteiga siga sempre em frente e vá ter à Região de Madrid”.

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