A minha primeira profissão foi o jornalismo, se não considerar a remuneração como jogador de futebol desde os 17 anos. Comecei com uma pequena experiência no meio rádio, depois na imprensa e acabando na televisão pública, que era então o único canal de cobertura regional.
Para mim, o jornalismo veio antes da docência e como todos os camaradas das redações por onde passei (ensinaram-me que “colega” era a tal profissão mais antiga do mundo), a formação obtinha-se com a rotina do trabalho, pois só mais tarde começaram a surgir as primeiras licenciaturas nesta área. Claro, havia um código deontológico, uma carteira profissional conferida pelo único sindicato da classe (uma espécie de ordem profissional), direitos e deveres, mais ou menos explícitos, e até um certo sentido de autorregulação. Perdoem-me os mais novos na profissão, mas sei do que falo, por vivência própria.
Desde muito cedo aprendi que perante um facto pode haver três lados, três perspetivas diferentes, de cada uma das partes, mais a do jornalista (não se confundido esta com a opinião, que é coisa diferente).
Vem este arrazoado à colação por me deparar, demasiadas vezes, com o incumprimento do princípio do contraditório, de apenas ser proporcionado ao consumidor da informação um dos lados da contenda. Daqui resulta uma grosseira manipulação dos factos que não sendo premeditada, e quero acreditar que não é, transforma a realidade em algo que nunca foi.
Em causa própria, dirão alguns que faltam meios às redações. Concordo. Mas uma boa notícia não dispensa veracidade, rigor e contraditório, em liberdade.