Há coisas que não mudaram em Portugal passado meio século sobre o 25 de abril. Inquestionavelmente uma delas é a visão centralista que Lisboa continua a ter sobre o resto do país, principalmente quanto às regiões autónomas. As autonomias regionais são uma pedra no sapato para a maior parte da classe política nacional. E quanto menor for a relevância institucional da figura, mais centralista se afirma a criatura, porque longe do conhecimento e da compreensão da importância e do valor que os territórios insulares conferem à Nação, sobretudo no seu contexto da União Europeia. Isso não é coisa pouca, como sabemos, mas tudo se complica ainda mais quando os interesses partidários se intrometem no circuito das relações institucionais, ao arrepio dos elementares princípios dos direitos e deveres das partes.
E a comunicação social lisboeta, onde pululam profusamente estas figuras secundárias, também ajuda à festa. Estão bem uns para os outros.
“A Madeira quer mais um helicóptero em permanência (mas pago por Lisboa)”, li por estes dias num diário nacional de referência. Já não bastava a insensibilidade daquele título quando os incêndios ainda estavam ativos e faziam perigar vidas e bens e só isso devia mobilizar esforços e meios para salvar o que estava em risco. Para o dito jornal, se a Madeira (e o mesmo diria dos Açores) quiser helicópteros que os pague. Sem mais.
Quando o assunto é despesa, o país acaba logo depois de S. Julião da Barra e somos tomados, por políticos, jornalistas e outros quejandos, como um fardo que suga cabedal no Terreiro do Paço.