A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) defendeu hoje a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito, na Assembleia Regional, para apurar quais as rotas operadas pela Azores Airlines mais deficitárias.
“A intenção é clarificar, de uma vez por todas, e para todos os açorianos, quais as rotas que estão, ou foram, responsáveis pelo estado a que a companhia chegou”, justificou Marcos Couto, presidente da CCAH, em conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, acrescentando que “os critérios de rentabilidade têm de ser iguais para todos os açorianos”.
A decisão da CCAH surge na sequência da decisão anunciada pela Azores Airlines (empresa do Grupo SATA que faz as ligações do arquipélago com o exterior) de reduzir as ligações da companhia aérea açoriana durante o próximo verão IATA, entre os Estados Unidos da América e a ilha Terceira, situação que é vista com “enorme insatisfação” por parte dos empresários.
“A justificação é sempre a mesma e já não convence: a rentabilidade da rota”, lamentou Marcos Couto, considerando que é “clara a existência de fortes bloqueios internos”, dentro da companhia aérea açoriana, “que impedem, sistematicamente, a implementação de novas iniciativas” relacionadas com a Terceira.
O presidente da CCAH lembrou que, ao longo dos últimos cinco meses, apresentou à Azores Airlines um projeto, em parceria com a cidade do Porto, para a realização de seis ligações entre os Estados Unidos da América (duas Boston, duas Toronto e duas Nova Iorque – JFK) e o aeroporto do Porto, com ‘stop over’ na Ilha Terceira.
“O projeto, elaborado por esta Câmara do Comércio e com a pronta adesão do gabinete de Turismo da cidade do Porto, foi trabalhado ao longo de vários meses e apresenta um produto turístico absolutamente único e inovador, não só para os Açores, mas também a nível nacional, e que tem por designação ‘Atlantic Heritage & Freedom Cities’, com um foco específico no mercado norte-americano para a época baixa”, explicou o presidente da CCAH.
A intenção, segundo revelou o empresário, seria “romper com o passado” das operações aéreas para a Terceira, baseadas em ligações “ponto a ponto”, consideradas “altamente dispendiosas e difíceis de rentabilizar”, passando a assentar num modelo de ‘stop over’ com dois destinos, “claramente rentável e capaz de alavancar o destino Terceira, em parceria com a cidade do Porto”.
“Após múltiplas reuniões, sempre com boas perspetivas e reconhecimento da qualidade única do produto, mas sem qualquer resposta concreta, fomos agora surpreendidos, por parte da companhia, com apenas uma ligação semanal”, lamentou Marcos Couto, salientando que “não foi a Ilha Terceira, nem as rotas operadas de e através dela, que colocaram a companhia no estado em que esta se encontra”.
O empresário lamentou também a “inoperância da Direção Regional do Turismo” na estruturação da oferta e posicionamento do destino Terceira, que teria como grande objetivo o combate à sazonalidade e a ajuda aos hotéis e a todos os agentes turísticos da ilha “a ultrapassarem os momentos extremamente difíceis que vivem nos meses de inverno”.
“É de destacar e enaltecer a resiliência, empreendedorismo e determinação em investir que os empresários da área do turismo têm revelado na ilha Terceira, com a abertura de várias unidades hoteleiras de pequena e média dimensão, de enorme qualidade”, salientou Marcos Couto, lamentando que a dinâmica empresarial não seja devidamente apoiada “por quem tem responsabilidades políticas”.