A situação política atual na Venezuela é, no mínimo, alarmante. Aquele país enfrenta, há largos anos, uma crise política e social profunda, exacerbada por uma economia em colapso, com uma inflação descontrolada, desemprego elevado e com uma evidente escassez de bens essenciais. A título de exemplo, o salário mínimo na Venezuela é de apenas 130 dólares.
Importa dizer que, no que diz respeito ao contexto político, desde que Nicolás Maduro assumiu a presidência, em 2013, o país tem vivenciado um declínio acentuado no que concerne à robustez das suas instituições democráticas, bem como na qualidade de vida dos seus cidadãos.
No passado dia 28, a Venezuela realizou eleições presidenciais num clima de crescente tensão e desconfiança. Por um lado, Maduro procura, a todo o custo, manter-se no poder. Por outro, Edmundo González Urrutia, representa uma forte oposição ao regime, e encabeça uma vontade de mudança que parece existir no povo daquele país.
O processo eleitoral foi pouco transparente e já existem inúmeras acusações de fraude. Desde logo, os observadores internacionais já manifestaram publicamente preocupações sobre a manipulação do resultado e a intimidação de eleitores. Além disso, o Conselho Nacional Eleitoral é amplamente controlado por aliados de Maduro, o que levanta suspeitas acerca da imparcialidade destas eleições.
Outro exemplo da falta de transparência deste ato eleitoral, prende-se com a questão da diáspora. São mais de 8 milhões de venezuelanos no exterior, pelo que, no decorrer deste processo eleitoral, a sua inclusão foi crítica e logisticamente muito complexa. Com efeito, a maioria deles foi excluída do atual sistema de voto, fazendo crescer o sentimento de desconfiança em relação a todo o processo eleitoral.
No que alude à diplomacia internacional, quer a União Europeia, quer os EUA, já demonstraram estar preocupados relativamente ao resultado das eleições, bem como com todo o processo eleitoral. A cada dia que passa, aumenta a lista dos países que não reconhecem a legitimidade das eleições, o que terá, naturalmente, consequências nefastas para aquele país.
O futuro da Venezuela é dúbio. Este é um momento absolutamente determinante para o país. No entanto, uma coisa parece-me certa: se Maduro se mantiver no poder, é provável que a crise humanitária e política se adense, acentuando o sofrimento da população venezuelana.