Criada há 75 anos, a Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico – Picowines quer conjugar a internacionalização com a conquista de novos consumidores no mercado nacional e focar-se no enoturismo, afirmou hoje o presidente da produtora dos Açores.

O presidente da cooperativa, que representa atualmente 50% dos vinhos certificados pela Comissão Vitivinícola Regional dos Açores (CVR), Losménio Goulart, disse à agência Lusa que a Picowines se tem preocupado “em fomentar” o processo de produção do vinho, “tornando-o cada vez mais uma referência de alta qualidade”.

A adega cooperativa iniciou a sua produção em 1961 com as castas nobres Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico, com o primeiro vinho da CVIP, com o nome “Pico”, a ser lançado no mercado em 1965.

Os vinhos da cooperativa têm sido distinguidos desde 2007.

Mais de 70 anos após a fundação da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico (CVIP), Losménio Goulart traçou como meta da produtora açoriana “continuar a ser o grande farol de todos os vinhos certificados da região”. Atualmente, conta com 18 referências comercializadas de vinhos certificados.

Esta “excelência” tem permitido à marca a conquista de novos mercados, nomeadamente no continente asiático e no Norte da Europa, com os seus vinhos comercializados em 15 países, com especial destaque para o mercado americano e europeu”, segundo a produtora de vinhos nos Açores, que conta com 270 associados, dos quais 198 entregaram uvas em 2023.

Com o objetivo de produzir vinhos diferenciadores que espelhem o território, a cooperativa adianta que “continua a trilhar um caminho que conjuga tradição, inovação e excelência”, tendo por base a singularidade da ilha do Pico.

A “joia da coroa” da cooperativa é o vinho Frei Gigante, lançado em 2004, e cuja produção já chegou a atingir, no passado, as 120 mil garrafas, mas que mantém o seu “processo de vinificação”, segundo Losménio Goulart.

O primeiro vinho certificado da cooperativa foi o Terras de Lavra branco.

Losménio Goulart realçou que a produtora açoriana continua a preservar a forma como os seus antepassados faziam o vinho, aliando agora novos conhecimentos.

“O nosso objetivo é chegarmos a públicos-alvo e, pelos nossos canais, aumentarmos o leque de clientes. Se pudermos chamar as pessoas à nossa terra, à nossa casa, isso permite uma rentabilidade diferente. E, quando há muito trabalho a fazer dentro de portas, tem de ser esse o nosso foco”, sublinhou à Lusa.

Ainda de acordo com Losménio Goulart, a cooperativa está também empenhada numa maior divulgação dos vinhos do Pico e na conquista de novos consumidores, com a aposta no digital, o que levou a uma parceria com o comediante Luís Filipe Borges, como embaixador digital da Picowines.

A entrada do enólogo Bernardo Cabral, consultor na Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico – Picowines, em 2017, marca uma nova etapa na vida destes vinhos.

O atual conselho de administração, que cumpre um terceiro mandato, pretende ainda modernizar o atual edifício, instalado na nave inaugurada em 1961, e que carece de obras que possam adaptar o espaço às novas exigências.

“Hoje em dia, uma adega moderna é um espaço onde se fazem várias coisas. Vamos criar uma zona enoturística moderna no edifício original. Temos um anteprojeto já apresentado para obras no interior do edifício e torná-lo mais visitável”, revelou Losménio Goulart.

A Picowines está a comemorar os seus 75 anos com o lançamento de um novo vinho com edição limitada de 1.746 garrafas de Arinto dos Açores 2020 Garrafeira, cujo rótulo destaca “os anos de vida da adega e enaltece a história construída”.

O presidente da cooperativa disse que este é um marco muito importante para a produtora vitivinícola do Pico, que “foi parte importante na criação da CVR Açores e das denominações de origem, tendo em conta a sua dimensão e representatividade de mais de 200 produtores de uvas” e no projeto que permitiu a classificação, pela UNESCO, da paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico.

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