Os constrangimentos relacionados com as vagas de acesso às creches é um problema que afeta milhares de famílias. Os Açores não fogem à regra e, enfrentam um problema evidente nesse âmbito. O tema das creches é de extrema relevância, uma vez que a educação infantil é crucial para o desenvolvimento dos mais novos, bem como para a harmonização da vida pessoal e profissional dos pais. No entanto, a discriminação, seja ela baseada em fatores socioeconómicos, geográficos, culturais ou outro qualquer, pode criar barreiras significativas para as famílias que procuram inscrever os seus filhos nas creches do arquipélago.

Com efeito, aquilo que defendo é que o Governo Regional deve identificar as causas de algum tipo de discriminação no âmbito referido e procurar soluções para mitigar este problema. A título de exemplo, a discriminação socioeconómica é tida como uma das formas mais predominantes de exclusão no que concerne ao acesso às creches. Importa perceber que, famílias com rendimentos mais baixos enfrentam grandes dificuldades para suprir os custos associados à educação infantil. Todos conhecemos as políticas de subsídios e apoios financeiros destinados a famílias carenciadas e, sabemos também, que em vários casos essas ajudas são manifestamente insuficientes para cobrir as necessidades das famílias, nomeadamente no que se refere à alimentação, materiais escolares, transporte, entre outros.

Além disso, convém notar que segregar ou priorizar alguém no acesso às creches, perpetua um ciclo de desigualdades, no qual as crianças de famílias mais pobres têm menos acesso a uma educação de qualidade desde cedo. A falta de acesso às creches têm importantes consequências negativas para o desenvolvimento das crianças e, os estudos da área indicam que a educação infantil de qualidade é fundamental ao desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. As crianças que frequentam creches de qualidade têm tendência a apresentar melhores resultados académicos, maior autoestima e habilidades sociais ao longo da sua vida.

Quero acreditar que a medida aprovada pelo parlamento açoriano no que alude às creches seja apenas transitória, servindo como um balão de oxigénio ao Governo de Bolieiro, pelo que urge aumentar o financiamento público, no sentido de aumentar não apenas o número de vagas, mas também o número de creches disponíveis na Região.

Este é, sem dúvida, um problema complexo e multifacetado, que requer uma abordagem célere para ser resolvido. As desigualdades sociais devem ser mitigadas com o intuito de garantir que todas as crianças açorianas tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem. Como tal, é crucial implementar políticas que promovam a equidade e a inclusão na educação infantil, garantindo um futuro próspero e justo para as famílias açorianas.

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