O Governo dos Açores admitiu hoje que existem interessados na compra do hotel da Graciosa, que é propriedade da região, enquanto o Conselho de Ilha alertou para a importância daquela que é a única unidade hoteleira da ilha.

“Não posso negar que o secretário das Finanças e eu próprio temos conhecimento de que há muita gente que se manifestou interessada. Entre a intenção, o interesse e depois a concretização de candidatura, vamos esperar pela conclusão”, afirmou o líder do executivo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM).

José Manuel Bolieiro falava aos jornalistas em Santa Cruz após uma reunião com o Conselho de Ilha a propósito da visita estatutária do governo açoriano à ilha.

A “cessão ou alienação” dos hotéis detidos pela região nas ilhas das Flores e Graciosa, atualmente concessionados à fundação Inatel, foi anunciada pelo Governo dos Açores, pela primeira vez, em junho de 2022.

Os processos de privatização foram suspensos devido à rejeição do Orçamento para 2024, tendo sido retomados pelo XIV Governo Regional (também de coligação PSD/CDS-PP/PPM) durante esta legislatura, de acordo com uma resolução do Conselho de Governo revelada em 13 de junho que autorizou a alienação em hasta pública dos hotéis.

Hoje, Bolieiro disse estar “otimista” com o processo de alienação do hotel e salientou que o preço de venda de cerca de 1,8 milhões de euros foi fixado “de acordo com o mercado” e após consultados vários especialistas.

“O processo está em curso e tenho boa expectativa porque a ilha Graciosa é, cada vez mais, uma ilha de destino turístico com atração e diminuição da sua sazonalidade”, vincou.

Já o presidente do Conselho de Ilha alertou para a importância de a infraestrutura continuar a ser um hotel, esperando que os compradores “não façam outra coisa qualquer” naquele espaço.

Ricardo Areia expressou o desejo de que o único hotel da Graciosa seja vendido a um grupo com experiência na hotelaria.

“É [preciso] salvaguardar que a infraestrutura não desaparece, que não fecha e que se mantenha como hotel. O turismo está a crescer na Graciosa e é preciso infraestruturas daquele género”, avisou.

Sobre a saúde, outra das preocupações manifestadas pelos conselheiros, José Manuel Bolieiro afirmou que existiu um “aumento de especialistas e doentes deslocados” e “mais oferta de consultas e de exames”.

“Há um aumento da capacidade de oferta nos cuidados de saúde aos graciosenses”, reiterou.

Bolieiro assegurou ainda que o Governo Regional está a procurar “adaptar o potencial de concorrentes para explorar com eficácia e eficiência” as termas do Carapacho, depois de o último concurso ter sido revogado pelo executivo regional, levando a única candidata elegível a agir judicialmente.

“O potencial termal dos Açores foi negligenciado no passado também para efeitos turísticos. A Graciosa tem esse potencial. Está agora no contencioso, resultante, também, de um concurso e de um caderno de encargos mais exigente quanto à qualificação”, destacou.

Por sua vez, o presidente do Conselho de Ilha considerou que o potencial termal e de saúde das termas do Carapacho está a ser desaproveitado.

“Temos de as pôr a funcionar de maneira a que seja bom para a ilha e para o turismo, para que se explore a água termal que está classificada”, defendeu, a propósito daquelas termas cujas águas são conhecidas desde 1750 pelos benefícios medicinais.

No memorando entregue ao Governo dos Açores, o Conselho de Ilha da Graciosa pediu um “ponto de situação” da alienação do hotel, atualmente concessionado à fundação Inatel, um reforço os meios na saúde, esclarecimentos sobre a situação nas Termas do Carapacho e intervenções na escola básica e secundária da ilha.

 

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