O grupo parlamentar do PS/Açores vai requerer na próxima semana um debate de urgência, na Assembleia Legislativa, sobre o incêndio ocorrido em maio no hospital de Ponta Delgada, anunciou hoje o líder da estrutura partidária.
Francisco César referiu que a iniciativa do maior partido da oposição visa “pedir explicações ao Governo [Regional] sobre todas as matérias” relacionadas com o incidente no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
Há dois meses, em 04 de maio, um incêndio cujos prejuízos estão estimados em 24 milhões de euros obrigou à transferência de todos os doentes que estavam internados na unidade de saúde para vários locais dos Açores, da Madeira e do continente.
O dirigente socialista adiantou que o grupo parlamentar vai chamar ainda à Comissão dos Assuntos Sociais, “com caráter de urgência”, o engenheiro João Mota Vieira, um dos responsáveis pelo relatório técnico da investigação, o enfermeiro Francisco Branco, do sindicato da classe nos Açores, o médico Carlos Ponte, do Conselho dos Médicos dos Açores da Ordem dos Médicos, e o reumatologista Guilherme Figueiredo.
“Necessitamos de mais esclarecimento e detalhes”, afirmou, em conferência de imprensa, em Ponta Delgada, onde identificou a necessidade de informação sobre a “segurança nos cuidados de saúde”, sobre o “funcionamento das infraestruturas” que apoiam neste momento o HDES, sobre a origem do acidente e sobre “o que foi feito e o que se quer fazer”.
Para o socialista, o tempo agora é de “escrutínio e esclarecimento” e de “apresentar trabalho e soluções” por parte do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).
Para o PS/Açores, “tem havido um conjunto de declarações da parte do governo que não estão certas com a realidade”, gerando uma “reiterada falta de confiança na palavra” do executivo.
Com base em recentes declarações públicas de figuras com responsabilidades no setor público, pode-se, de acordo com Francisco César, “deduzir a suspeita de tomada de más decisões no presente” e uma “reiterada incapacidade de preparar o futuro”.
No capítulo da segurança na assistência da saúde, existe, na leitura dos socialistas, uma “incapacidade de resposta das estruturas alternativas que entretanto foram criadas”, havendo ainda preocupações relativamente ao processo de reconstrução do HDES.
O dirigente recordou que o Governo Regional, quando declarou a calamidade pública, constituiu um grupo de trabalho que deveria, “até 31 de maio, apresentar um relatório de progresso que desse resposta aos requisitos” da condição de calamidade.
“Há decisões que estão a ser tomadas sem qualquer tipo de planificação e de uma forma desordenada”, insistiu.
Francisco César disse que o Governo Regional “foi desmentido diretamente pela fonte de informação” que elaborou o relatório sobre o incêndio, referindo-se ao engenheiro João Mota Vieira.
Na segunda-feira, o executivo anunciou que o incêndio teve origem nas baterias de condensadores, segundo o primeiro relatório técnico, uma informação desmentida por João Mota Vieira na quinta-feira, em declarações à Antena 1.
Hoje, em conferência de imprensa, em Ponta Delgada, a secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, reiterou que o fogo teve origem “ao nível de uma bateria de correção de fator de potência ou bateria de condensadores”.