A inclusão da paisagem da vinha do Pico no património mundial da UNESCO, em 2004, e a distinção como área protegida, em 1996, foram “determinantes” para a sua recuperação, considerou hoje o secretário regional do Ambiente.
Em declarações à Lusa no âmbito da comemoração do 20.º aniversário da elevação da paisagem da vinha do Pico a património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), em 02 de julho de 2004, Alonso Miguel referiu que se assistiu a uma preservação deste espaço para a “excelência de vinhos nesta área”.
O secretário regional do Ambiente e Ação Climática destacou os sistemas de apoios criados pelos governos regionais ao longo de duas décadas e destinados à produção e à manutenção da vinha por via do programa Prorural (hoje PEPAC) e do POSEI, que, em 2023, totalizaram 1,9 milhões de euros na ilha do Pico.
Alonso Miguel lembrou ainda os apoios para a manutenção das paisagens tradicionais, que em 2023 “se aproximaram de 1,8 milhões de euros”.
Em 2024, foram contemplados com incentivos financeiros para a manutenção das paisagens tradicionais 416 beneficiários da ilha, visando a manutenção de 869 hectares de vinha, o que “representa uma evolução muito significativa para uma área recuperada sete vezes superior à área em produção em 2004, que rondava apenas 120 hectares”, de acordo com o governante.
“No total, desde a criação do programa, em 2004, que é agora gerido pela Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática, já foram atribuídos cerca de 14,5 milhões de euros em apoios a beneficiários da ilha do Pico”, disse.
Segundo Alonso Miguel, “felizmente foi possível inverter a tendência de abandono da paisagem” e verifica-se um “cada vez maior número de jovens a iniciar a sua atividade como produtores, com projetos consistentes e maiores áreas”, o que “leva a uma diversidade e um aumento da qualidade dos vinhos do Pico”.
“A paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico não é apenas um testemunho de resiliência e de engenhosidade humana. É também um símbolo da identidade cultural que a todos nos orgulha, um extraordinário ativo para o desenvolvimento socioeconómico da ilha do Pico e dos Açores”, afirmou.
Também em declarações à Lusa, a presidente da Câmara da Madalena, Catarina Manito, recordou que a vinha do Pico foi o 13º local em Portugal com a mais alta distinção atribuída pela UNESCO.
A classificação como património mundial, sublinhou, “foi algo que veio valorizar o rendilhado lávico onde se produz dos melhores vinhos do país”.
Catarina Manito considera que a vinha é “parte integrante das gentes da ilha” e permitiu “valorizar muito o território e o povo” – a atividade “ocupa uma parte muito importante da economia do concelho da Madalena”.
A autarca destacou que também com financiamento do Vitis, regime de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas, houve “uma grande recuperação de vinhas que estavam abandonadas, para além da instalação de novas empresas e revigoramento das já existentes”.
Catarina Manito sublinhou ainda os prémios “alcançados em todo o mundo” com os vinhos produzidos no concelho, que também assim se projetou.
A atividade vitivinícola no Pico terá tido o seu início com a chegada dos povoadores à ilha no século XV. A paisagem da vinha ocupa uma área de 987 hectares, envolvida por uma zona tampão com 1.924 hectares.
É composta por uma faixa de território que abrange parcialmente as costas norte e sul, e a costa oeste, tendo como referência o Lajido da Criação Velha e o Lajido de Santa Luzia.