Iniciativa é aberta a todos e realiza-se no dia 21, às 18h30, na Igreja Matriz de São Sebastião onde o sacerdote das Capelas foi ordenado.

“Escutar a vida é escutar o Mar” afirmou o cónego António Rego numa entrevista ao Sítio Igreja Açores quando celebrou meio século de ordenação sacerdotal, em 2014. Na altura, ainda em Lisboa,  tinha publicado o livro “A ilha e o verbo- dos vulcões da Atlântida à Galáxia digital”, uma conversa com o seu amigo de sempre Paulo Rocha, jornalista e sucessor na direção da Agência Ecclesia.

“Estando na ilha sinto-me próximo do verbo, que eu anuncio, e é minha missão anunciar o verbo. O verbo que me anunciou também a palavra, o verbo que me anima, me dá sentido à vida, que me faz ver esse grande livro – que é o grande verbo – a Bíblia e que a espalha pelos pontos por onde vou passando. A ilha, o verbo e eu, que sou insignificante, mas passam a ser um só no meu caminhar, e no caso, no meu navegar”, explicava.

O mar, que é horizonte contemplado, é igualmente casa, onde o sacerdote gosta de mergulhar, “ver o fundo do mar, de coabitar com os peixes, as algas, as plantas, a sua beleza, os reflexos do sol” que são, simultaneamente, “reflexo da vida”.

Na próxima sexta-feira completa 60 anos de ordenação sacerdotal. Na Matriz de São Sebastião, onde foi ordenado, voltará a concelebrar com os seus irmãos, numa iniciativa promovida pela ouvidoria de Ponta Delgada, envolvendo diretamente a paróquia da Matriz e todos os amigos e irmãos no sacerdócio que desejarem juntar-se ele. O convite está feito para ser um dia de festa e a porta aberta a todos. Para a Eucaristia e para o Pico de honra no Salão paroquial, pouco depois.

O Cónego António Rego nasceu na Vila de Capelas, S. Miguel, Açores, em 1941. O jornalismo desde cedo caracterizou o estudante e, depois, o sacerdote: primeiro nos Açores, na imprensa, na rádio e na televisão, e depois em órgãos de comunicação nacionais.

Ainda jovem Padre criou um programa de Rádio, de nome “Hoje é Domingo”. Em Lisboa, escreveu semanalmente no Diário de Notícias e mais tarde no Correio da Manhã.  Na Agência Ecclesia, os editoriais que escreveu desde 1996 foram reunidos noutro livro: Deus na Cidade.

Estudou Comunicação Social, em França. Realizou centenas de programas na Rádio Renascença e na Radiodifusão Portuguesa. Realizou mais de 1500 programas de televisão, na RTP e na TVI, onde esteve até 2015, como coordenador e realizador de emissões religiosas. Efetuou reportagens de temática religiosa nos cinco continentes, de Pequim a Moscovo, da Noruega à Malásia, do Quénia à Amazónia, da Califórnia ao Equador, passando por todos os países lusófonos. Foi professor de Comunicação Social na UCP e diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. Em 2006, foi nomeado pelo papa Bento XVI Consultor do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais.

No ano em que se ordenou eram vários os irmãos no sacerdócio. Apenas um está vivo, o padre Abílio de Morais, que foi ordenado em Angra, no mesmo ano mas  quase dois meses depois.

Após a ordenação sacerdotal na Diocese de Angra, o padre António Rego, foi para o continente onde, para sempre ficou ligado à pastoral da comunicação.

Como padre esteve à cabeceira dos doentes, visitou prisões e nunca deixou de anunciar a palavra fosse na Igreja , na rua ou nos comentários nas televisões e na rádio.

“A nossa Igreja tem muitas fraquezas mas tem algo de extraordinário que se expressa em tantos movimentos, se expressou no Concílio e através do seu espírito mergulhou nas nossas comunidades, e através dos pastores que nos animam”, traduz da experiência de 50 anos de sacerdócio.

“Nunca fui padre num regime de opressão eclesial, tive sempre a liberdade de trabalhar e fui sempre estimulado em criatividade e procura de outras formas”, acrescentou na altura.

Na Rádio Renascença, onde trabalhou entre 1968 e 1975, o cónego António Rego guarda “grandes memórias” com a oportunidade de abrir “temas de programas que não existiam ou estavam silenciados”, em especial dedicados “aos doentes e o Esquema 13, ligado ao Concílio Vaticano II”.

A sua vontade de comunicar e a voz inconfundível apresenta-nos um Deus próximo, que se faz gente como nós, para nos mostrar o seu amor.

A missa dos 60 anos de ordenação sacerdotal, aniversário que coincide também com a entrada na vida religiosa da Irmã Alda Rego,que também entrou na vida consagrada há 60 anos, é às 18h30 na Matriz de São Sebastião, em Ponta Delgada.

PUB