No espaço de um mês, o ministério da educação mostrou não estar cá para resolver os problemas da Escola Pública. Dou dois de muitos exemplos possíveis: o desrespeito pelas regras da negociação, nomeadamente pelo princípio da boa-fé, e medidas para reduzir a falta de professores que, na melhor das hipóteses, deixarão tudo na mesma.

Há um mês, minutos antes da negociação com a FENPROF, o ministro da educação apresentou publicamente um acordo já fechado. Ora, dizer “é pegar ou largar” é a negação de um processo em que ambas as partes se devem aproximar! Ainda nessas declarações, afirmou que a FENPROF nunca foi parte da solução e duvidava que a sua agenda fosse a da Educação e dos Professores. Isto, depois de duas reuniões negociais em que, de ambas as partes, tinha havido aproximações, respeito e cordialidade!

Como é que seria possível à FENPROF assinar uma proposta que deixa de fora 25 mil docentes, provoca novas perdas de tempo de serviço e cria novas injustiças? Ou que não resolve este problema aos docentes que, entretanto, vieram para os Açores? O que me espanta é como é que a FNE e, consequentemente, o SDPA, assinaram!

Já as medidas para resolver a falta de professores, na melhor das hipóteses, deixarão tudo ligeiramente pior do que há um ano. É que nem com o maior dos otimismos permitem equilibrar as aposentações deste ano! Mas, quem conhece as escolas, sabe que a exaustão é geral, particularmente em quem tem mais de 60 anos. Portanto, sobrecarregar os mesmos de sempre ou pedir aos aposentados que voltem não é solução.

A FENPROF denuncia, há mais de 10 anos, que a falta de professores é um problema estrutural, mas as soluções do governo são limitadas e apenas para o imediato. Nestes 10 anos, o PSD fingiu ignorar o problema. Inclusive, foi com o anterior governo do PSD/CDS que mais jovens saíram da profissão. Na Assembleia da República, o PSD deu a mão ao PS para não recuperar o tempo de serviço, nunca apresentou soluções para os problemas da Escola Pública e, inclusive, chumbou as propostas de outros!

Só uma longa e difícil luta dos professores e educadores, dirigida pela FENPROF, permitiu, finalmente, resolver esta enorme injustiça que é não ver o tempo de trabalho contado! Foi essa luta que obrigou o governo a resolver este problema. Mas é preciso muito mais! É preciso dar condições a quem faz funcionar as Escolas: estabilidade, condições de trabalho, valorização da carreira, salários adequados. E, porque o Futuro se constrói com a Escola Pública, cá continuarão os mesmos de sempre, na sua luta de sempre. Mesmo quando lhes fazem as piores acusações!

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